sexta-feira, 4 de março de 2011

Poema El Pozo de Pablo Neruda


A veces te hundes, caes

en tu agujero de silencio,
en tu abismo de cólera orgullosa,
y apenas puedes
volver, aún con jirones
de lo que hallaste
en la profundidad de tu existencia.

Amor mío, qué encuentras
en tu pozo cerrado?
Algas, ciénagas, rocas?
Qué ves con ojos ciegos,
rencorosa y herida?

Mi vida, no hallarás
en el pozo en que caes
lo que yo guardo para ti en la altura:
un ramo de jazmines con rocío,
un beso más profundo que tu abismo.

No me temas, no caigas
en tu rencor de nuevo.
Sacude la palabra mía que vino a herirte
y déjala que vuele por la ventana abierta.
Ella volverá a herirme
sin que tú la dirijas
puesto que fue cargada con un instante duro
y ese instante será desarmado en mi pecho.

Sonríeme radiosa
si mi boca te hiere.
No soy un pastor dulce
como en los cuentos de hadas,
sino un buen leñador que comparte contigo
tierra, viento y espinas de los montes.

Ámame tú, sonríeme,
ayúdame a ser bueno.
No te hieras en mí, que será inútil,
no me hieras a mi porque te hieres.

L. F. Veríssimo

Brincadeira

Começou como uma brincadeira. Telefonou para um conhecido e disse:
-"Eu sei de tudo.
Depois de um silêncio, o outro disse:
-Como é que você soube?
-Não interessa. Sei de tudo.
-Me faz um favor. Não espalha.
-Vou pensar.
-Por amor de Deus.
-Está bem. Mas olhe lá, hein?
-Descobriu que tinha poder sobre as pessoas.
-Sei de tudo.
-Co-como?
-Sei de tudo.
-Tudo o quê?
-Você sabe.
-Mas é impossível. Como é que você descobriu?
-A reação das pessoas variava. Algumas perguntavam em seguida:
-Alguém mais sabe?
-Outras se tornavam agressivas:
-Está bem, você sabe. E daí?
-Daí, nada. Só queria que você soubesse que eu sei.
-Se você contar pra alguém, eu...
-Depende de você.
-De mim, como?
-Se você andar na linha eu não conto.
-Certo.
-Uma vez, parecia ter encontrado um inocente.
-Eu sei de tudo.
-Tudo o quê? Você sabe.
-Não sei. O que é que você sabe?
-Não se faça de inocente.
-Mas eu realmente não sei.
-Vem com essa.
-Você não sabe de nada.
-Ah, quer dizer que existe alguma coisa para saber, mas eu é que não sei o que é?
-Não existe nada.
-Olha que eu vou espalhar...
-Pode espalhar que é mentira.
-Como é que você sabe o que eu vou espalhar?
-Qualquer coisa que você espalhar será mentira.
-Está bem. Vou espalhar.
-Mas dali a pouco veio um telefonema.
-Escute, estive pensando melhor. Não espalha nada sobre aquilo.
-Aquilo o quê?
-Você sabe.
-Passou a ser temido e respeitado. Volta e meia alguém se aproximava dele e sussurrava:
-Você contou para alguém?
-Ainda não.
-Puxa. Obrigado.
-Com o tempo, ganhou uma reputação. Era de confiança. Um dia foi procurado por um amigo com uma oferta de emprego. O salário era enorme.
-Porque eu? - quis saber.
-A posição é de muita responsabilidade - disse o amigo. - Recomendei você.
-Porquê?
-Pela sua discrição.
-Subiu na vida. Dele se dizia que sabia tudo sobre todos mas nunca abria a boca pra falar de ninguém. Além de bem-informado, um gentleman. Até que recebeu um telefonema. Uma voz misteriosa que disse:
-Sei de tudo.
-Co-como?
-Sei de tudo.
-Tudo o quê?
-Você sabe.
-Resolveu desaparecer. Mudou-se de cidade. Os amigos estranharam o seu desaparecimento repentino. Investigaram. O que ele estaria tramando? Finalmente foi descoberto numa praia remota. Os vizinhos contam que numa noite vieram muitos carros e cercaram a casa. Várias pessoas entraram na casa. Ouviram-se gritos. Os vizinhos contam que a voz que mais se ouvia era a dele, gritando:
-Era brincadeira!Era brincadeira!
-Foi descoberto de manhã, assassinado. O crime nunca foi desvendado. Mas as pessoas que o conheciam não têm dúvidas sobre o motivo.
" Sabia demais"


Luís Fernando Veríssimo

Fui a Porto Alegre

Não voltei de bombachas, não botei a boca no canudo de chimarrão. Nada. Estou aqui. Só.
E é só.