terça-feira, 12 de julho de 2011

Sonho inútil.

Então, aí eu sonhei que tinha um bebê nos braços, ainda com a placenta, e que alguém me dizia:

- Você deu a luz ao filho do Diabo!

Eu ficava olhando, atónita, para a figura que se encontrava ao meu lado esquerdo, enquanto ela continuava, tranquilamente:

- Ele é o filho do Diabo, você deu a luz ao filho do Diabo.

Daí eu lembro de ter começado a bater na criança, querendo matá-la, ou então querendo fazer com que ele não fosse o filho do diabo.

Sei lá, só sei que dei umas porradas no bebê. Mas ele não tinha cornos nem estava pintado de vermelho. Era mesmo uma criança, branquinha, olhando para mim.

Não me lembro do resto. Acordei com o coração acelerando e fui fazer xixi.

Eram seis da manhã.

Sentei na cama e pensei:

« Puta que pariu... preciso de sal grosso.»

Contei para a minha mãe, e ela disse para eu rezar.


Ri.

Preferi ir para a janela comer Nutella com bolachas maria. 

Dar o seu máximo a quem se contenta com o suficiente é pior do que dar o seu melhor a quem não se contenta com o seu máximo. Porque o excesso é lixo, e para o «resto» não há valor.



domingo, 3 de julho de 2011

Edmond amava uma mulher que - mesmo sem saber - não se amava.
Aos poucos, entregava-se a ela, em atos legítimos e verdadeiros; e quanto mais se entregava, mais causava a ela estranhamento: "se eu não me amo, como ele pode me amar?"
A sina dos que não gostam de si mesmos é não acreditarem que alguém possa deles gostar e, pior ainda, gostar do que eles não gostam, em si.
E a sina dos que gostam dos que não gostam de si mesmos é a mesma, sempre: serão descartados.
Quem SE descarta há de também descartar tudo o que interfira com seu verdadeiro EU.
O ser que não gosta de seu ser-real (embora não seja possível conhecer tal ser-real por inteiro) precisa (subconsciente) de alguém que de alguma forma ponha em segundo plano aquele ser-real.
Se não gosto de meu ser-real, ele é irreal; quem gosta do irreal não existe.
Edmond percebeu isso desde logo, e assim "profetizou" (inferiu, logicamente) a sua exclusão.
Muitas vezes o que se pensa ser mito é tão real que parece mítico. É como se o real e o mitológico fossem o encontro dos "extremos" do planeta - redondo -, que só é ele mesmo, no que pensamos sejam as suas extremidades. E o que parece muito distante pode estar (e está, de fato) ao lado. Ou no mesmo lugar.
A realidade e o mito serem confundidos, a todo tempo, não é culpa nossa; apenas está além de nosso alcance.