domingo, 28 de novembro de 2010

Dor: de 2005 - Jean Valjean


Há a dor que aponta, espanta, arde, urra, queima

E a gente agüenta, que ela perde a fúria;

E a gente esquece e volta à vida, à incúria,

Porque a vida, sem dor, em viver teima...


Há a dor que esmaga, espanca e lança injúria,

E quer viver pra sempre, e mata a fleima,

E a gente perde o senso, e só a toleima

Nos dita a vida, aos cantos da lamúria...


Um dia ela se vai, e a gente fica.

Há a dor, porém, que é mais, bem mais que nós:

A dor que fica e que nos cala a voz;


A dor que, de viver, jamais abdica:

Um dia ela nos acha, abraça, envolve...

Viemos do pó, e ao pó ela nos devolve...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dar ouvidos a quem não tem palavra é deixar de merecer o dom de ter ouvidos.

Dar crédito a palavras de quem não merece crédito é emprestar dinheiro ao sabidamente insolvente ou ao estelionatário?

É burrice, e não maldade

Não consigo acreditar, quando alguém recém-chegado fala mal de mim para pessoas que me conhecem há um decênio, que essas pessoas acreditem... é burrice, e não maldade, de quem crê; é maldade (e burrice também?) de quem fala.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fuso Horário.

Tá tudo sossegado, hoje. Sei lá, tudo quieto com uma quietude que me inquieta. O dia está com a mesma tranquilidade que se sente quando estamos dentro do olho do furacão. Tudo parece estranhamente sossegado, e eu estou só à espera daquele segundo que destrói tudo. Às vezes, me dá vontade de ver tudo destruído. Tudo mesmo, para ser obrigada a começar do zero. Mas do zero mesmo. E é preciso mergulharmos nos destroços para chegarmos ao ponto de partida. Há dias em que sinto o meu cérebro deteriorando-se de dentro para fora. Se auto-destruindo porque dentro dele pouco ou nada se aproveita. Quem me dera viver sem cérebro. Quem me dera ser eu a construí-lo. Ter o total poder de saber somente aquilo que me convir, facultando-me o direito de na infinita ignorância sobre aquilo que bem me apetecer.

Ah, que idiotice.
Isso é tudo para dizer que estamos com 2 horas de diferença.

Que o Senhor tenha piedade de vós, porque eu não tenho.