domingo, 28 de novembro de 2010

Dor: de 2005 - Jean Valjean


Há a dor que aponta, espanta, arde, urra, queima

E a gente agüenta, que ela perde a fúria;

E a gente esquece e volta à vida, à incúria,

Porque a vida, sem dor, em viver teima...


Há a dor que esmaga, espanca e lança injúria,

E quer viver pra sempre, e mata a fleima,

E a gente perde o senso, e só a toleima

Nos dita a vida, aos cantos da lamúria...


Um dia ela se vai, e a gente fica.

Há a dor, porém, que é mais, bem mais que nós:

A dor que fica e que nos cala a voz;


A dor que, de viver, jamais abdica:

Um dia ela nos acha, abraça, envolve...

Viemos do pó, e ao pó ela nos devolve...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dar ouvidos a quem não tem palavra é deixar de merecer o dom de ter ouvidos.

Dar crédito a palavras de quem não merece crédito é emprestar dinheiro ao sabidamente insolvente ou ao estelionatário?

É burrice, e não maldade

Não consigo acreditar, quando alguém recém-chegado fala mal de mim para pessoas que me conhecem há um decênio, que essas pessoas acreditem... é burrice, e não maldade, de quem crê; é maldade (e burrice também?) de quem fala.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fuso Horário.

Tá tudo sossegado, hoje. Sei lá, tudo quieto com uma quietude que me inquieta. O dia está com a mesma tranquilidade que se sente quando estamos dentro do olho do furacão. Tudo parece estranhamente sossegado, e eu estou só à espera daquele segundo que destrói tudo. Às vezes, me dá vontade de ver tudo destruído. Tudo mesmo, para ser obrigada a começar do zero. Mas do zero mesmo. E é preciso mergulharmos nos destroços para chegarmos ao ponto de partida. Há dias em que sinto o meu cérebro deteriorando-se de dentro para fora. Se auto-destruindo porque dentro dele pouco ou nada se aproveita. Quem me dera viver sem cérebro. Quem me dera ser eu a construí-lo. Ter o total poder de saber somente aquilo que me convir, facultando-me o direito de na infinita ignorância sobre aquilo que bem me apetecer.

Ah, que idiotice.
Isso é tudo para dizer que estamos com 2 horas de diferença.

Que o Senhor tenha piedade de vós, porque eu não tenho.

sábado, 16 de outubro de 2010

Ai a minha vida....!



Tio, mudei de casa. Fui para uma república mais próxima da faculdade. A república tem três andares: no primeiro, vivem 3 estudantes que ainda não conheço muito bem. No terceiro, vive a senhoria. No segundo, somos cinco! Eu e a Marta no maior quarto da casa. A Ana, noutro. A Patrícia, noutro. E a Rita, noutro. Depois temos a sala, a cozinha cuja segunda porta irá dar para o primeiro andar e o banheiro/casa-de-banho.
Até aí, tudo bem. O problema é que essa semana que passou foi meio negra...Eu disse «meio»? Hum...

1) Cheguei no domingo. Fui com o meu pai e a minha tralha dentro do carro: computador, malas, sacos, saquinhos, sacolinhas, cobertas, etc. Depois de nos termos perdido em Coimbra ( aliás, como sempre acontece com o meu pai, apesar de lá dar aulas), e depois de esperarmos 40 min. lá fora, pois não havia ninguém em nenhum andar e tivemos de esperar pela Patrícia, finalmente começamos a descarregar as coisas do carro.
Ok, quando eram umas 20hrs, o meu pai, depois de ter instalado o computador,  se despediu e eu finalmente pude (pensar em) descansar. Mal sabia eu que, após 20 min. a contar do momento em que ele se foi, ficamos sem net. A casa INTEIRA ficou sem net.

Quis morrer!

A senhoria estava em viagem e ainda não havia data de retorno. O papel que ela deixara afixado junto das «normas da casa», era sobre a internet sim, mas não havia nenhum número que pudéssemos contactar para o caso de imprevistos.
Desesperadas, começamos a desconectar tudo e a tornar a ligar, esperançosas de que a bendita fosse reestabelecida. Que nada! Foi assim na segunda, na terça...E eu com um mundo de coisas para fazer! Os avisos, exercícios, enunciados de trabalhos, TUDO, mas tudo MESMO, são colocados online.
De repente, por causa desta coisa chamada «internet», oito criaturinhas dos seus 18 aos 27 anos começaram a ver suas vidas andarem para trás...

- Às quartas, o meu pai dá aulas na Faculdade de Engenharia, em Coimbra. Passou lá em casa, levou cabos, arrastou mesas, rogou pragas à senhoria desaparecida. Nada resultava. E eu danada da vida...

- Ah, esqueci de dizer. Na terça-feira de manhã, estava um frio de morrer. Coloquei uma meia-calça, calça comprida, blusa de lã, casaco e um gorro para não ficar com dores de ouvido. À tarde, fez um calor absurdo (absurdo porque estamos em pleno Outono, e não é suposto o Outono ser pior do que o verão).
Tirei o casaco e o gorro, mas a maldita meia-calça eu não podia tirar. No fim da tarde, comecei a sentir uma coceira na perna esquerda. Mas uma daquelas coceiras que dá vontade de pegar uma lixa de lixar mesas de madeira, e esfregar na perna!
Quando cheguei em casa, tirei tudo e finalmente vi o que já suspeitava: estava toda empipocada...

- Voltando à quarta. A verdade é que o meu pai ficou até as 23hrs tentando reestabelecer a internet, mas não conseguia porque precisava da password e do nome de quem havia assinado o contrato. Ligávamos à senhoria, e ela não atendia. Resumindo: tive que dormir de quarta para quinta em Aveiro, pois na quinta tinha um trabalho para entregar que, por estarmos incomunicáveis com o universo, não tinha chegado a começar...

- No dia a seguir, vi que a minha mão direita estava começando a ficar como a perna esquerda. Não queria acreditar! Só faltava mais esta! Entreguei o trabalho por e-mail, e retornei à Coimbra. As meninas ainda não tinham internet.

- Na quinta, a maldita senhoria finalmente disse que no dia a seguir estaria de volta. Contamos o que havia acontecido e ela, sonoramente perturbada, disse que logo resolveria o assunto.
Nesse dia, saí. Ah, queria lá saber! Sem net, com a vida em atraso e cheia de alergia ao calor, passei a noite bebendo Martini, cerveja, vinho e absinto. Voltei para casa às 4 da manhã.

- Na sexta, como que por milagre, a net foi reestabelecida. Saltávamos de alegria! Às 14hrs fui embora para Aveiro: ressacada, com a vida ainda em atraso e morrendo de coceira.
À noite, encontrei a minha médica ( Viu, tio? MÉ-DI-CA!), e ela me disse que realmente tive uma reação alérgica e me passou dois remédios para tormar.


Mas esta semana também teve momentos cómicos, principalmente na cozinha:

Patrícia: - Ai Cô, eu não sei fazer arroz! Ou fica duro, ou fica uma sopa!
Eu: - Então é porque ainda não acertaste na medida de água.
P.; - O que é que fazes com a água do arroz?
Eu, visivelmente perturbada: 
- Como assim?
P. : Então, eu jogo a água fora! Comes o arroz com a água?

Ah, não conseguimos. A Marta e eu sentimos um daqueles ataques de riso impossíveis de segurar:
-  Patrícia... - disse - ... a água SECA!
- Seca? A sério? Eu sei lá! O meu arroz vai sempre pro lixo!

Na terça, fiz macarrão com a Marta. Era massa com cogumelos e molho bechamel. Após dividirmos a quantidade, eu disse:


- Não colocas queijo ralado na massa?
- Queijo ralado?!
- Sim, não colocas?
- Não, nunca experimentei!
Eu, espantada, indaguei:
- Então para quê é que serve o queijo ralado?
- ...
O queijo, para ela, parecia um ET. Eu é que tive que o colocar no seu prato, porque ela nem sequer sabia como se havia de comportar com aquilo. Olhou para o seu jantar, e disse:
- E agora, o que eu faço?
- Então, agora envolves o queijo na massa e comes, ué!
Ela demorou cinco minutos para dar a primeira garfada.


Na sexta, ainda com a Marta, ainda na cozinha:

Ela: - Cô, tenho a massa fervendo na água, quero pôr o creme, escorro a água ou ponho o creme assim mesmo?

Eu nem sequer precisei responder. Acho que o meu riso disse tudo, pois ela fez como devia ser.

Agora estou aqui, com a vida um pouco menos atrasada, contando o meu degredo para um tio extremamente negligente e insensível, e criando coragem para ler a montanha de textos de Estudos Lingúisticos, Estudos Literários e de Metodologia do Trabalho Científico. Tou indo, tá? Vim mesmo para dizer que ainda existo!

Beijo!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Na rodoviária, um comboio inesperado



Então... era lá pelos idos de 1990. Minha namorada, à época, e posteriormente esposa, tinha família em Tatuí (Tatuí é Tatu com injeção eletrônica? Uiiiii!), e eu fui com ela ao terminal rodoviário, para que ela embarcasse no busungo que iria levá-la até seu destino.
Um dia antes - mais precisamente na noite anterior - eu havia comido muito. Sabem aquelas misturebas que de quando em vez a gente faz, tipo um monte de carne, um monte de verdura, um monte de legumes, um monte de doces? É.
Acordei pela manhã com gases. Flatulento. Fart-ulento. E desde cedinho era um tráááá aqui, um pppuuuuffff ali, um bbbrrrrrr acolá, mas estava eu lá, forte e firme, sem manifestação alguma de que a barroca-maçaroca viria abaixo. Nenhuminha da silva.
Sendo assim, peguei o carro e fui levar a patroa. De janelas abertas, craro.
Aí chegamos ao terminal rodoviário. Em pé, conversando com ela, senti, de repente, que uma outra manifestação eólica ia sair-me pela porta dos fundos. Não segurei nada.
Não segurei naaadaaaa.
Nada.
Nada.
E por que não segurei?
Ora, porque confiei nas forças contidas da natureza.
Só que nessa de confiar, tadindemim... senti uma coisa escorrendo pelas pernas, mole e morna. Humilhante e umectante, lá vinha o pequeno regato marrom.
Coincidência ou não, minha calça, naquele dia, era marrom-escura.
Saí correndo lá de perto da plataforma para o banheiro. Chegando lá, rrrranquei as carça, as ceroulas e, sobre o vaso (não sentado, mas acocorado), comecei a liberar a moçada. Meeeeuuuu, 6 não sá o q é bão. Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaafffffffffffffffffffffff!
Depois da apresentação toda da bateria da escola de samba, limpei o fiofó, vesti o cuecão, as carça e fui lavar as mãos. Saí do banheiro com a cara de quem defecou e foi feliz.
Quando cheguei à plataforma, o ônibus da mulher já estava pra sair. Ainda bem que não saiu poucos minutos antes, senão eu nem teria conseguido despedir-me.
Disse isso a ela.
E ela:
- Quando atrasa é ruim, mas quando adianta desconserta.
E caiu na risada.
E lá fui eu, embora pra casa. Tinha que me lavar, porque o trem havia passado antes da hora, ó!

domingo, 3 de outubro de 2010

Vontade de chorar

O Ibope - fiasco público - está anunciando que a Dilma pode ganhar no primeiro turno, com 51%.
Eu não me espantaria. A democracia no Brasil, para quem queira ver, está assim: um percentual gigantesco do país só não passa fome porque recebe o 'bolsa família'. Muitas dessas pessoas não têm água potável em casa, nem luz elétrica, e têm de ir buscar água em algum lugar, muitas vezes não tão perto lá de onde residem. E tome vela, que vela lembra velório, féretro, luto.
Essas pessoas vão buscar também o bolsa família. É o que lhes mantém o estômago cheio.
Governo comprometido com o 'social' não manteria isso. Daria a esse povo educação e subtrairia, aos poucos, o bolsa família. Só que se isso fosse feito o Brasil se fortaleceria, e o panorama sócio-político estaria completamente abalado. Os porcos não se manteriam no poder. Eu não seria obrigado a ver todos os que vejo desde o cenozóico da era quaternária mostrando as caras botocadas, muitos com dentes refeitos pela IMBRA, UNIODONTO e não sei mais o quê. Sorriem, como se não tivessem culpa da situação em que este país se encontra.
Ah, à merda. Votassem os cachorros, e nada mudaria.
Demos + Kratos. Tire a força do poder (Kratos), que não haverá Demos, mas só o demo. É o que há no Brasil de hoje.

O Jean tem a mania de dizer que morrerá logo. " Que a hora está se aproximando." Coisa de adolescente pré-sénior, sabe? Mas eu sei a razão desta pressa toda: ele não quer me dar o que prometeu. O meu sandwich de mortadela! Mas pode ir tirando o cavalinho da chuva, seu muquirana, porque você não vai morrer.

Vem prá cá!

Há relativamente pouco tempo que me apercebi que não são poucos os Petistas que falam com a língua presa. Pronto, vou mais direta ao assunto: Que falam como o Palocci. Achei interessante. Será um requisito? Para além de mentirosos, ladrões, ignorantes, terroristas, corruptos e analfabetos, têm de falar daquela maneira? E a anta da Rouseff? Aquela mulher é homem, nénão? É aquela besta/bosta que vai governar o Brasil nos próximos 4 anos? Ah tio, desculpa. Pensando bem, eu acho que não volto não. Vemprácávocê.

Eleições, Votos Nulos e a Burrice recorrente!

Fomos votar, hoje. Cinco da manhã aí. Fomos ao Porto, num hotel chamado Ipanema, onde, supostamente, estaríamos protegidos da chuva.  Su-pos-ta-men-te! Hoje o céu amanheceu desabando, e as pessoas desabavam com ele antes mesmo de chegarem ao outro lado da rua.
A fila era grande. Foi engraçado, já não via grandes grupos de tupiniquins há muito tempo.


Foi estranho, me senti um E.T.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"In Itinere" - Jean Valjean

Despeço-me da vida, a pouco e pouco,
sorrindo-me, chorando-me, vivendo.
Enquanto rio-me, eis-me aqui morrendo;
enquanto choro, estou ficando louco.

Não ouço gritos. Tenho o ouvido mouco.
Não vou gritar. A glote está doendo.
Viver sem ver, ou ver sem estar vendo
é coisa de um insano, de um tarouco.

Espero, sim, mas só nunca esperar.
Ainda creio. Eu creio num não crer.
Estar ou não estar? Que há-de valer?

Enquanto rio, para não chorar,
não noto, mas já posso desconfiar:
deixo de ser e luto, até não-ser.


domingo, 26 de setembro de 2010

A Odisseia.

O meu tio sabe a luta que foi conseguir um lugar para ficar em Coimbra, e tomou conhecimento da novela que foi finalmente ter as chaves em mãos. Pois bem: o quarto tem duas camas, uma montada e outra não. O valor do aluguel é de 200€ mensais - sem despesas incluídas. Eu acho um roubo, até porque o quarto apesar de ser bom, não vale tudo isso. Então decidi que ia colocar mais alguém comigo, assim o preço caía para 100€ p/mês, o que já seria muito bom. Liguei para a dona do apartamento, e por ela estava tudo bem.
Pois bem, na sexta-feira, após falar com a mulher, achei por bem alertar a Joana sobre a minha decisão no MSN. E foi assim:

- Joana, eu vou colocar mais alguém no meu quarto. Tem algum problema?

Um minuto depois:

- Mas para viver?

- Sim.

- Não me parece que seja boa idéia.

-  Porquê?

- Em primeiro lugar, porque já houve quem quisesse colocar outra pessoa no quarto, e eu não deixei. Tive leucemia e fiz transplante de medula há pouco tempo. Não posso estar em contato com muitas pessoas, porque ainda estou em tratamento.

Decidi não estender muito a conversa.

- Ah, lamento muito. Tudo bem, então. Até terça.


Desliguei o msn de tão p* que fiquei. Vi logo a jogada da garota: não coloco em questão a doença dela, só não aguento gente fdp. Ela diz que não pode ficar rodeada de gente, mas estuda na mesma faculdade que eu, só que no terceiro ano, e vai e volta todos os dias! Ora, se ela realmente não pudesse viver circundada de pessoas, nem sequer poderia ir para a faculdade, ou não é verdade?
Outra: Não sou eu que corro o risco de pegar alguma doença, é ela. É ela quem se encontra numa situação de fragilidade. E se assim é, ela que procure um apartamento para só uma pessoa! Além disso, ela tem o quarto dela. Ela que se enfurne lá e só saia quando estiver melhor! Ou não é?
O quarto em que me encontro só não foi alugado antes porque ela deu esta mesma desculpa, e provavelmente a dona do apartamento nem sequer sabe o que se passa. Esta semana vou falar com a mulher, e já pago os 200€ do quarto para depois não dizerem que ela está em vantagem por já ter pago.

É cada uma, eu não tenho sossego!

sábado, 25 de setembro de 2010

Voltamos, e espero que minha sobrinha me trate com o respeito que merece um senhor de 45



Estamos aqui de novo - a sobrinha feliz, bem servida pela vida, alimentada de chocolates belgas e ovos moles, e o tio eternamente em dieta: alface, tomate, pepino (e a vida tem sido rude, pelo que o pepino, às vezes, não entra pela boca), etc.
Espero que não seja uma nova temporada de chantagens emocionais (a fim de obter meu aval para todas as suas condutas), mas sim uma nova era, de compreensão e fraternidade - embora sejamos tio e sobrinha, não necessariamente nesta ordem.
Agora, que Cô estuda em Cô-imbra, e o tio continua sendo um mero cidadão tupiniquim, ou melhor, dum país-zinho-inho-inho (com o perdão da Mari do Bajulur pela cópia) submergente (hm... emergente? detergente? não tem gente? repelente? de 3º mundo? ah, não pode mais dizer 3º mundo, porque não é politicamente correto, e o Lula precisa ser conselheiro da ONU), quero ver o que vai ser de mim. Ela vai se esquecer completamente de quem ajudou a criá-la e me tratar feito escovão atrás da porta do banheiro.
Bom, é isso, voltamos. Vamos lá, cacara e cacoragem, que a vida avança sempre.
Sobrinha, pense nisso: você está subindo as ladeiras de Cô-imbra, e eu estou... descendo as da vida.
Abreijinhos a todos!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Voltamos!


Eu acho que o meu tio finalmente se convenceu de que este blog é relíquia da família. Bicho cruel. Queria apagá-lo, acreditam? Eu é que fiz birra, bati o pé, fui obrigada a apelar à chantagem emocional e espiritual para que o velho tivesse piedade de mim!
Bem, não interessa. O importante é que estamos aqui: firmes e fortes. Ele bem mais forte e firme do que eu. Eu hoje estou um caco, e ele sabe a razão. Só desconhece que ontem fui prá night, bebi dois copos de cerveja e um Martini Bianco com suco/sumo de maracujá, e me perdi logo que desci do táxi. É verdade. Foi assim, ó:

- Deixe-me na Rua dos Navegadores, por favor. Vá pela Rua do Brasil.
O taxista:
- Muito bem.
Minutos depois:
- Quer que vá pela rua do Brasil?
Eu, pinguça, quase dormindo:
- Sim.
Ele parou, paguei, desci do táxi, e imediatamente me perguntei:
- Porra, onde é que eu estou?

Fui descendo a rua tentando me equilibrar e não conseguia entender onde eu estava. O táxi tinha desaparecido no horizonte. Quatro horas da manhã. Nada se ouvia para além dos meus passos cambaleantes. De repente, assim, do nada, me apercebi que estava perdida, sozinha e podre de bêbada:

- Puta que pariu! Onde é que o filho da puta me deixou?

São nestes momentos que dou graças a Deus por Coimbra ser um morro. Encontrava-me num local suficientemente alto para enxergar a maldita Rua do Brasil. Fui descendo a ladeira, rezando para não encontrar algum maníaco no meio do caminho. Encontrei outro bêbado. Ele vinha cambaleando de lá, e eu de cá. Parei para confirmar a localização. O bêbado disse que eu estava certa. Acreditei, afinal, eu também não me encontrava propriamente sóbria.

Moral da história: Meia hora depois de descer do táxi...cheguei em casa. Dei graças aos céus. Ascendi a luz do prédio, subi dois andares, sobrevivi. E para abrir a p*rra da porta? Após longos minutos de falhas e tentativas, lá consegui enfiar a chave no seu respectivo buraco. Dormi feliz, acordei quebrada e até agora sem entender que raio de taxista era aquele.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A nossa despedida - Parte Final - Cô

Tio, você sabe: por mim, eu não deixaria isso aqui não, bicho. Pô, são oito meses! Conta aí. Foram oito meses inteirinhos sem cometermos bloguicídio! Nem parece coisa nossa, ó! Velho chato, ranzinza, picuinhas, complexado, teimoso e chato de novo! Pô, eu tinha esperança de que isso aqui durasse pelo menos um ano, bicho. Só que aí vem você, com aquele espírito revolucionário, cheio de luzes nos pensamentos e blá blá blá, e diz: “ Vamos fechar o Manière e está acabado!”. Mas e aí, e eu? Aí phodeu.
Bem, mas quando eu aceitei vir para cá com você, eu já sabia que, mais cedo ou mais tarde, este dia iria chegar. Só não esperava que fosse tão cedo, mas tudo bem. Você o quis abrir, você decide quando parar, até porque sem o meu tiozão não tem graça. Eu aceito, não concordo, mas aceito.
Bem, acho que o essencial você já disse. Tudo se resume a mudanças, mas acho que estas mesmas mudanças poderiam ser feitas aqui dentro. E os bonequinhos ali em cima? Pô, escolhi com o maior carinho…tive o maior cuidado para escolher um carinha bem parecido contigo…e…e…enfim.
Tio, estamos aí, tá? Talvez não com a mesma frequência de antes, mas com o mesmo amor e admiração.

É isso, bicho.


Um grande beijo ao pessoal,

Cô.

A nossa despedida (parte I, Jean Valjean)

Cô, que bom v. haver aceito iniciarmos um novo blog.
Acho que, de certa forma, terminei um ciclo de minha vida. Agora entro em outro. Vida nova, blog novo, novos desafios, novos frios na barriga, novas emoções.
Quero renascer, reviver e, só se for o caso, um dia, 'remorrer'.
Que venha uma nova manhã, uma nova alvorada. Que venham os dilúculos matinais e vespertinos. Que o samsara da vida se faça, e que possamos saudar a vida que chega.
Vou entrar nu e de braços abertos num vergel que vislumbro à frente, referto de belas e coloridas vergônteas, olentes, orvalhadas, ridentes e esparramadas pelos canteiros onde antes havia tristeza.
Ontem 'morrideitei-me', hoje 'renasciergui-me'. Mutatis mutandi, no outro blog faço a minha parúsia.
Se bem sei de você, sobrinha, você também está mudando de etapa: fim de um ciclo, início de outro. Que nos sorria a sorte, pois para mim há um sorriso lindo, de lábios doces, de coração aconchegante, de pensamento liberto e aberto para o mundo.
Vamos lá?
Nossos leitores que desejem nos acompanhar - o que sempre é bom demais -, eis-nos em
Abreijos a todos(as)!

domingo, 15 de agosto de 2010

Je vous remercie

Je vous remercie, ma chérie, d'être née. Il y avait quelque chose de vide dans ma poitrine, mais maintenant il ya des marguerites à ce lieu là...

Tes yeux,
ta touche,
tes cheveux,
ta bouche,
toi...

Ta peau,
t'allure,
de l'eau,
tout est beau,
tout est bon,
je t'assure!

Tu est présent,
présence,
vie,
lumière...
Tu est amie,
femme,
ma fille, ma mère,
amante,
parfum,
chanson,
sentiment
et raison.

Ma joie,
mon soleil,
ma lune
à la nuit obscure...

Tu est
simplement
mon tout.

O passado, no futuro - Jean Valjean

Aquele ontem que morreu um dia
e transformou-se no hoje sem futuro,
de repente saiu de trás de um muro
na ânsia de viver uma alegria.

Mas se morreu, por que renasceria?
Por que sairia assim dum beco escuro,
feito o lixo que foge do monturo
pra ver nascer o Sol, com euforia?

Em verdade, não era o tal passado;
em verdade, não vinha sem porvir;
em verdade, ele era só o presente.

Presente que está ali, mas não se sente,
mas que basta deixemo-lo sorrir,
e apontará o futuro tão sonhado...

o verbo «Ser» não se conjuga na primeira pessoa,
e as restantes pessoas não são aquilo que eu julgava ser.
conjuguemos, então, um verbo que não
transite de pessoa à pessoa, mas que
estagne nos intervalos de cada uma.
Sejamos o hiato entre o «sou» e o «és».

Esqueçamos o «somos».

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Terei perdão?

Estávamos todos no pátio, a “ouvir” o padre falar. Era uma missa, creio - creio, porque não tava nem aí. Queria saber o que é que ele tinha naquela taça. O que é que ele colocava na boca das pessoas, enquanto circulava pela gente. Estava lá, toda contente, possivelmente armando uma das minhas. Queria que ele chegasse logo, queria ver o que é que ele trazia aliiiii! 

Curiosidade de criança é f*da.

À medida que ele foi se aproximando, notei que ele dizia alguma coisa ao colocar aquele troço na boca das crianças, mas não conseguia entender o quê. Deixei prá lá e decidi aguardar pacientemente que ele chegasse, em vez de puxar a barra da calça da professora e correr o risco de levar uma bronca daquelas.

Finalmente chegou, só faltava mais uma e depois era eu. Preocupada, pensando que quando fosse a minha vez já não teria aquele troço pra mim, me mostrei ansiosa.

O Padre disse:
- Levante-se, filha.

Ué, levantei.

Ele ergue o negócio aos céus, e eu acompanho a sua mão, atentamente, com os meus olhinhos amendoados. 
Vejo a sua mão(zona) aproximar-se da minha boca, e hoje a única coisa que me lembro é isso:
- Corpo de D….(NHAC – mordi o troço) - …eus.

Ficamos nos olhando durante alguns instantes. Eu, mastigando aquele troço sem gosto, sem sabor nenhum. Ele, sem saber se parava a missa ou seguia a boiada. A professora, morrendo de vergonha, é claro, me deixou de castigo durante doiiis dias!!!
Foram dois dias inteirinhos sem poder ir para os recreios, sem poder comer o meu croissant de frango com catupiri…Sem poder ir vasculhar os quartos das freiras...

Pois é, está aí o meu primeiro contacto com Deus. Estou certa de que Ele nunca se esqueceu.

O Guerreiro.



Partiu para a guerra
Com um propósito:
Conquistar novas terras,
Matar muitos homens.

Voltou de lá sem nada,
Roto e cadavérico:
Morto de fome.

Tio, se eu te dissesse que me engasguei de rir ao ler esta p*rra

Você acreditaria?
É tão idiota.

O texto é da Sarah - ( achado não é roubado!)


Tempo maldito. Causador da minha insónia e da rouquidão dos meus gritos. Vire-me do avesso, por favor. Permita-me exibir minhas veias aos olhos dos furacões e tornados. Deixe-me andar com o coração agarrado aos ossos das costelas, enquanto os meus olhos ameaçam saltar dos seus penhascos. Faça com que nas minhas mãos circule o sangue que me falta ao resto do corpo, pois somente assim serei capaz de escalar os imalaias que me encarceram. Roube-me de mim: prometo que não darei pela minha falta.

Liberte-me desta jaula a que todos chamam corpo, mas que eu denomino maldição. Rompa-me os tímpanos para que eu já não ouça as vozes dos que me habitam, e depois grite bem alto todas as verdades que sempre quiseste que eu escutasse. Prometo que o ouvirei com atenção. Cosa-me os lábios, corte-me as pernas, transforme-me num ser invertebrado. Deixe que eu me arraste entre os brotos e raízes, e ides para longe de mim. Leve-me para longe daqui, mas não contigo. Tu, que és por excelência o maior dos ilusionistas, transmute-se no casulo de onde eu não deveria ter saído.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sobrinha: um nome injusto para a minha Garota Maravilha


Volta e meia eu assunto (do verbo assuntar) com minha sobrinha. Se o nosso DNA é o mesmo, o que houve? No dela, a seleção dos melhores itens; no meu, a dos piores. Ela é génio, eu normalzin, normalzin.
Conversamos de igual para mais que igual. De igual para maior. O igual sou eu, mas igual aos outros, e não a ela. Ela é mais que igual, é maior.
Por isso, esse título "sobrinha", que parece uma pequena sobra, do almoço ou do jantar, não é legal.
Diálogos imaginários para formação da palavra "sobrinha", e futura negação:

1) Alguém bate à porta:
TOC, TOC, TOC...
A Dna. Maria abre e ouve a pergunta:
- Dna. Maria, estou morto de fome, a Sra. tem comida?
- Olha, não tenho, mas... espera, espera, vou ver se tem uma sobrinha.
E traz, num pires.

2) O marido mineirinho, para a mulher mineirinha:
- Muié, a janta estava ótima.
- Que bão, bem, quiocê gostô.
- E sabe, muié, que ainda tem espaço no meu bucho?
- Ué, pera, vou ver se tem uma sobrinha.
E traz, num pires.

3) A Cô manda ovos moles pelo cô-rreio, para o tio.
Eles chegam, e o tio, desesperado, enfia tudo, tudo, tudo na boca.
A Repolhuda o vê comendo e pede, desesperada:
- Ei, você comeu tudo, não tem nem uma sobrinha?
E o tio, azedo:
- Vou ver se tem.
E traz, num pires (mas só migalhas que lhe escaparam da boca).

4) A moça chega para a mãe, meio constrangida, e diz:
- Mamãe, estou grávida.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah!
E cai no chão, batendo a boca.
Chama-se o SAMU, a mãe vai para o hospital. Reanimam-na. Ela acorda e pensa que sonhou...
- Filha, o que houve? Eu fui atropelada?
- Não, mãe, você desmaiou quando eu contei que estou grávida.
Aí a mãe pensa, pára, pondera e diz:
- Filha, mas ele não usou camisinha?
- Usou, mãe, mas quando a retirou, escorreu lá uma sobrinha...

Exemplos hediondos, e tudo para dizer que minha sobrinha não é esse tipo de sobrinha. Esse tipo de sobrinha aí sou eu. Ela é TUUUDOOOO! É prato principal, panela cheia, tacho transbordando, fonte cristalina, etc. Nada de sobrinha: completude, totalidade.

E tenho dito!

Supernal

Our heart is the only door
which not closes - eternal;
it can so much!, it can more...
it's wonderful and supernal.



Dá um pouco de vergonha de dizer, mas os versitos sem pé são meus.

domingo, 8 de agosto de 2010

O desejo de um 'sempre' (Jean Valjean)



Que não se perca o ar desta esperança,
que não se torne lágrima o meu riso.
Chorar ou navegar é tão preciso...
viver é naufragar mesmo em bonança.
Você já teve em mãos um diamante,
a flor mais linda, ou a mais perfumada?
Já viu a cor mais pura e mais radiante,
já acreditou que existe a alma amada?
Que não se perca esta oportunidade,
que não se perca o hausto respirado;
que não se perca um bem tão desejado...
que não se perca em prantos de saudade.

Eu quero eternizar a eternidade
de um só momento pleno de verdade.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sonhei...



Hoje dormi e sonhei.
Sonhei que fui feliz.
Entendi que não há lugares,
mas apenas pessoas certas.
E então acordei.
Ficou a memória.
Ficou um pálio da luz que me iluminou o sonho.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010




AI AI, VIU?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010



Sejamos inteiros
Enquanto não quebrarmos.
Enquanto o vaso não cair 
Das mãos da Cinderela,
Pelos degraus inclinados.

Juntos, contemos as estrelas
Fingindo que nunca morreremos.
Enlacemo-nos como os planetas,
E desfrutemos a nossa rotatividade.

Meu amor,
A felicidade encontra-se
Na banalidade.
Tudo o que é complexo demais,
Um dia parte.

Sejamos felizes nas coisas pequenas.
Troquemos o boa noite pelo boa tarde,
Pois nunca é tarde
Para amanhecermos contentes.

Deixemos os nossos sonhos
Pela metade,
Pois a vida, meu amor, é infinita.
E tudo aquilo que é eterno,
Tem prazo de validade.

Os ovos moles...



Rodo o supermercado feito um louco, e nada.
- Moça, onde estão os ovos moles?
E ela faz uma cara esquisita, franze o cenho, torce a boca e aponta numa direção X. Eu vou. Chego lá, eis que encontro os ovos. Ovo de galinha, sabe? É aquele que tem casca, vem na embalagem de papelão, enfim. Resolvi voltar a falar com a dita cuja:
- Moça, os ovos que você me apontou não são os que procuro. Quero ovos moles.
- Meu senhor, existe algum ovo que não seja mole? A casca é dura, mas quebra fácil. O que vem depois é mole!
Era daquilo que eu estava, mesmo, precisando. Ser tratado como retardado, no momento de desespero pelos ovos moles.
- Ok, moça, não faz mal. Vou procurar nas geladeiras, do outro lado.
- Senhor, a gente não deixa os ovos na geladeira.
- Obrigado, moça!
Fui para o outro lado do mardito PDA. Olhei as geladeiras todas, e... nada. Nisso vejo um rapaz, também funcionário da rede. A ele:
- Moço, onde estão os ovos moles?
- Ah!, os de Aveiro, né?
Aleluia... Jesus escutara as minhas preces. Exultei. Quase ergui as mãos para o Céu, a fim de louvar. Respondi, animado:
- Isso, os de Aveiro, que vêm naquele vidro grande, amarelos como o ouro, doces como a cana, perfumados como as flores orvalhadas nos vergéis da Alsácia (isto foi poesia para vocês, ok?, eu não falei para ele).
- Sabe, senhor, estão em falta.
- Glup... (barulho que o Maurício de Souza usa para os personagens dele que engolem seco). Em falta?
- É, às vezes a gente não fecha com eles, pois cobram muito caro. Tem que negociar, né, senhor?
- É...
Sem alternativa, resolvi apelar. Fui a outra geladeira e comprei um daqueles queijos franceses nojentos, que vêm com escorpiões, vermes, bactérias e espermatozóides dentro. Aqueles que você corta e precisa ainda tirar a no-to-cor-da, o cordão umbilical, e os fungos, cancerosos e cancerígenos, estão mastigando suas próprias metástases.
Comprei aquela bosta, uma geléia de pêssego e vim para casa. Jantei isso aí.
Nôja.
Sobrinha, eis aí. Não ria do pobre tio... mas um dia ainda vou contratar o Mayer, ligar a webcam e, quando você estiver toda animadinha olhando, beijo-o na boca, tá?
Jararaca mirim!!!

A minha sobrinha é uma gracinha!


Minha sobrinha é uma gracinha.
Hoje, entretanto, eu estava trabalhando e ela apareceu no msn:
- Tio, está aí?
- Sim, Cô! Para você, seeempreee!
- Pede a minha webcam.
- Linda, estou trabalhando. É urgente?
- Sim, pede, tio, pede.
Pedi.
- Linda, por favor, não vamos demorar muito, pois o tio tem reunião quiapouquin, tá?
- Claro, tio, claro!
Eis que, então, aparece a imagem de minha linda sobrinha: carinha de criança, bochechinhas rosadas, dentes alvos, covinhas ao sorrir e... uma caixa de ovos moles de Aveiro.
Sim!
Ela mostra para a webcam (digo, para mim, morto de fome) uma caixa de 200g de ovos moles de Aveiro. Eu olho aquilo, sem entender bem. E ela:
- Tio, você lembra que eu falei, um dia, que quando comprasse estes ovos moles aqui, ia mostrar para você e ia comer na frente da webcam?
- ... sssim...
Eu mal podia crer que ela fizesse isso comigo. Pois fez. Abriu a caixa e começou:
- Tio, veja que deliciosos!
E os quebrava ao meio. O recheio escorria, e ela comia o docinho.
Minha glicemia foi baixando. A pressão foi subindo e... ai, que vontade. Meu café da manhã havia sido apenas meia maçã e um pedaço de queijo fresco.
Nesse clima de terror, com sorriso nos lábios, ela engoliu uns 6 ovos moles e eu babei sobre o teclado.
Nada mais a declarar.
Mesmo assim, eu a amo.

Pré - Defesa da Sobrinha.


O meu tio parece não ter aceite que a sobrinha cresceu. Tudo ele reclama: comportamentos, roupas, pensamentos, filosofias, posições fotográficas, casos amorosos, entre outros.
E eu não entendo, porque todos sabem que ao lado dele eu sou super comportada. Todos são crentes de que a tia sou eu, e ele o sobrinho desmiolado. Todos me perguntam: “Como é que você aguenta?” E até hoje não encontrei uma resposta.
Ele fala do meu mal comportamento, mas se fosse eu a autora do post anterior, claro, trocando o bilau pela xoxota, ele se mostraria super indignado, e exigiria explicações cabais sobre cada palavrinha proferida. Se eu dissesse que ando com a “pachaha” ( versão portuguesa para “ pirsiguida”, "xoxota", entre outros) hidratada, ele me estrangularia num piscar d’olhos!
Ora pois!
O meu tio quer que eu ande de burca, que case virgem, que obedeça o maridão e tenha uma ninhada de enfants! Coisa de quem come esfirra o ano inteiro, quibes e levanta às 3 da matina para tomar sopa de feijão com macarrão! Mas as coisas não são assim: aqui só se consegue comer ovos-moles e pouco mais.
Enfim.
Isso tudo é para dizer que qualquer crítica que o meu bicho faça é infundada; Todas as provas que ele apresente são circunstanciais e nada comprovam; E todas as acusações contra a minha docíssima figura são mentira! 

É MENTIRA! TUDO MENTIRA, Ó!

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Higiene íntima

Então... há poucos sabonetes íntimos masculinos no Brasil. Os importados custam os olhos da cara. Sendo assim, nada vejo contra o fato de o homem que se preocupe com higiene lá na região dos países baixos use o feminino. Este aí em cima é só um exemplo. Há o Vagisil e o Lucretin, também, que me parecem ótimos. Meu bilau ainda não caiu, e já faz um bom tempo que uso - não sei com qual comecei.
Pois bem: no meu tempo de criança, aprendi que macho tinha mesmo é que cheirar a macho. E a peãozada cheirava a estrume, a vaca, a suor impregnado.
Eu era virgem, não entendia nada. Tomava meu banho e estava bem. Não tinha compromisso sexual com ninguém, pelo que usar ou não usar dava na mesma.
Quando arrumei minha primeira namoradinha, e pela primeira vez na vida vi essa coisa estranha que as mulheres têm entre as pernas; essa gruta vermelha, tão disputada; esse tabernáculo misterioso, esfíngico, tão bem guardado sob alfaias, enfim.Quando pela primeira vez vi esse troço aí - chamem como quiserem mas não venham me constranger, ok? -, entendi que se estivesse cheirosinha, era bem melhor. Não precisava, não, cheirar a perfume, mas também não podia cheirar a decomposição, fim de feira ou o que o valesse.
O tempo foi passando, e fiz uma conexão mental que me pareceu coisa de gênio, à época:
- Ué, Valjean, se você prefere uma xoxota bem tratada, por que a mulher que vá "procurá-lo" deveria querer um bilau cheirando a queijo velho, ou a pastrame?
Foi então que resolvi começar a aderir aos sabonetes íntimos.
Acho que fiz bem.
E hoje sou franco adepto, falem o que quiserem: viadinho, esquisito, macho-meio-fêmea? Ora, higiene, gente, acima de tudo.
Pelo menos é o que me parece, meu.

Se o cérebro pensasse menos e amasse mais, e se o coração amasse menos e pensasse mais... tudo não seria perfeito?

domingo, 1 de agosto de 2010

" Cansado da sua imagem de bad boy, Alexandre Frota vira evangélico."


Hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha!
(pausa para respirar)

Bem, depois que o Rodolfo, ex vocalista do Raimundos, virou cantor de música gospel, eu passei a acreditar em tudo.  Acho que vou fazer isso também: fazer muita merda, fumar muita maconha, injetar inseticida organosfoforado nas veias, andar toda bombada, fazer filmes pornôs, comer homem, mulher, cachorro, seres inanimados, e quando chegar lá nos quarentões da vida, vou entrar para uma igreja bem podre e dizer que "Jesuis é o caminho!"

Poupem-me.

sábado, 31 de julho de 2010

A questão do Casamento - Uma dupla opinião escrita na primeira pessoa - Por: Sarah e Cô

Acho que a questão da sexualidade nunca esteve tão acesa como nos últimos anos, principalmente agora, com a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo. E no meio disso tudo, há uma coisa que vem me incomodando cada vez mais. 
Unido a este grande passo, vieram os debates acesos, as discussões, os argumentos e, principalmente, uma belíssima dose de intolerância. E é ela que me incomoda. Mas espera, este post não tem o intuito de levantar bandeiras para os homossexuais e companhia, aliás, eu nunca levanto bandeiras por ninguém. Refiro-me àquelas pessoas que sofrem por se manifestarem contra a preferência sexual de determinada pessoa. Que se vêem sufocadas, que são intimidadas por possuírem uma opinião distinta da maioria, e por fazerem questão de não serem politicamente correctas.

Cá entre nós, tem muita gente que se diz à favor desta nova medida, mas que na verdade, bem no âmago do seu ser, não a aprova. Tem muita gente que diz não se incomodar com os homo, bi, tri, trans, pansexuais, mas se formos ver bem, quando confrontadas por algum familiar com alguma dessas preferências, não a aceitam de modo algum. Ainda existe muita gente que diz que SIM, mas que na realidade deseja berrar um belo de um NÃO. Mas e por quê não o fazem? Por quê é que se privam do direito de não serem pró a algo que vá contra os seus valores?

Eu não sei se sou eu que sou muito chata, muito implicante, mas acho que por detrás disso tudo existe um cinismo muito grande. De um dia para o outro, a sociedade tornou-se favorável ao casamento homossexual. Todos aprovam, todos acham que tal acontecimento tem que ser legalizado. Depois de séculos e séculos vivendo num obscurantismo medonho, o povo abriu as janelas e hoje ninguém se incomoda com isso; todos acham super natural dois homens se casarem e usarem vestido, véu e grinalda... Atenção! Eu não sou contra, até porque essa coisa de igreja não é comigo. O que eu quero dizer é: os homossexuais não venceram a guerra, foi o opositor que desistiu da batalha. A sociedade continua cínica, arrogante e preconceituosa como sempre foi! A nossa mentalidade mudou para muita coisa, mas no que toca ao casamento ela continua conservadora. Não cessaram os olhares tortos, as famílias envergonhadas não desapareceram e aqueles que julgam a homossexualidade como sendo uma patologia, continuam achando. Portugal, por exemplo, um país conhecido pela forte presença do Catolicismo, só promulgou o casamento por uma questão governamental. O próprio Presidente da República o disse ao vivo, para todo o mundo ouvir. No fundo, ele só deu o seu consentimento porque este ano é ano de eleições, e ele quer continuar à frente do país. Ponto final.

Voltando aos que são contra e não dizem que o são, acho que têm todo o direito de manifestar o seu desagrado perante tal situação. Não têm o direito de oprimir, de ofender, de humilhar, mas têm o direito de serem contra, sejam as suas justificações aceitáveis ou não. 

A liberdade de expressão está e sempre esteve em crise, e no fundo aqueles que levantam suas bandeiras, não o fazem sem pisotear a bandeira de outrém. No nosso meio, o tirano passa a oprimido numa questão de segundos, e vice-versa. É por isso que permaneço neutra na maior parte dos casos. E neste tema em particular, opto pelo mesmo: não sou contra nem sou à favor, porque creio que não temos que ser prós nem contra a opção sexual de alguém. O que acho intolerável é a falta de respeito existente dos dois lados: se alguém diz que é contra, pode esperar porque logo cairá meio mundo de gente cínica em cima dele. Se, por outro lado, manifestam-se à favor, esperem o mesmo. Todos querem ter a palavra sobre uma opção que nem sequer deveria ser colocada em causa(...)

 E aí, como ficamos? Promulgamos o casamento entre pessoas do mesmo sexo porque realmente o vemos com naturalidade, ou o fazemos simplesmente para que se silenciem as vozes de uma vez por todas, ainda que isso implique uma falsa sensação de justiça ?

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Diálogo com mamãe, aos 8 anos de idade

- Mãe, em que a mulher é tão diferente do homem?
- Ah, filho, a mulher tem o ventre, onde as criancinhas crescem.
- Hm... e não tem piupiu?
- Não, filho. Isso aí só os homens têm.
- E é bom, mãe?
- Hein? Como assim "é bom?" (já estava me levando a mal...)
- Ué, mãe... é bom ter ou não ter piupiu?
- Não sei, filho. Como eu não tenho, não posso avaliar.
- Você queria ter, mãe?
- Não! Claro que não! Ô menino curioso!
- Hm...
- Mãe?
- Diga, filho, diga.
- Fora isso, outra diferença além do aspecto?
- Não, filho.
- As mulheres fazem cocô mais cheiroso?
- Não filho, é a mesma coisa.
- E xixi, mãe, é igual também?
- Tudo igual, filho.
- Suam?
- Suam.
- Cheiram mal?
- Sim, filho, se não tomarem banho.
- Então, mãe, por que as tias ___ e ___ têm cara de quem não faz cocô, xixi e não sua?
- Quieto, Valjean! Vá brincar e me deixe trabalhar.

Ah, os homens mais velhos.... (!)







Pois é... minha sobrinha linda, quando falou de homens mais velhos, escolheu justamente o George Clooney.
Aí, todas embarcaram.
Meu, cai na real. Homem mais velho como o Clooney fica fácil. Vemos aqui uns caracteres mais próximos da realidade, todos eles mais consentâneos com a lógica.
A propósito, eu escolhi todos a dedo, pois que cada um tem um pouco de mim - meus traços, os que herdei de mamãe.
Eis aí uma idéia real de homem mais velho, ora pois, pois!
Tio, é só para te dizer que eu sei de tudo. Ele me contou. Não adianta esconder, porque eu já descobri. Sei de tudo e não há nada que faça mudar a minha opinião. Não se faça de desentendido. Eu sei! Me liga, assim que você terminar de ler esta mensagem.

Anti-Barbie



A minha mãe diz que desde pequena eu sempre fui bem diferente das outras crianças. Às vezes, me separava do rebanho para ir brincar sozinha, outras, brincava sozinha dentro do rebanho. Gostava dos amiguinhos, mas se pudesse ficar num canto falando com os meus botões, de preferência sentada na areia, melhor ainda. Não gostava da Barbie, mas batizei a minha cadela com o seu nome. Pois é, a cadela morreu e a maldita boneca existe até hoje.
Mas há uma coisa em particular que me recordo bem: o de ganhar bonecas (não-barbies). Adorava-as tanto, que a primeira coisa que eu fazia era despi-las. Verdade. Existem aquele grupo de meninas que cortam os seus cabelos; Existem aquelas que as maquilham; Outras as enterram; Outras perdem as pernas, braços e cabeça. As minhas, eu despia uma a uma e fazia um montinho de roupinhas de um lado e de corpos de plástico do outro. Coisa macabra, né? Para além disso, adorava mastigar os sapatinhos de plástico, comi as flores que uma delas trazia entre os cabelos, e até mastiguei o pé do Piu-Piu, um chaveirinho que a minha avó havia me dado. Ah, sem falar no dia em que comi uma pedra de sabão, pensando ser um pedaço de doce de leite...

Pô, falando assim dá até medo.

Os homens mais velhos!


O meu tio sabe que eu adoro um cara mais velho. Mas mais velho mesmo. Não um ou dois anos mais velho, mas uns 20 ou 30. Sabe, mas detesta e vive dizendo que sou louca. Sempre que eu aponto o dedo a um coroa inteirão, ele diz: “ Esse cara tem idade para ser o teu avô” ou “ Vai lá, se joga em cima dele! Só vai se cansar, porque esse aí já não dá mais tiro.” ou “ Cê vai ver só…na primeira cag*da no fraldão, você sai correndo..” Enfim, ciúme de tio.
Mas eu não sou a única. Hoje em dia, encontrar uma jovem que manifeste interesse sexual por um quarentão, cinquentão ou até sessentão, não é assim tão incomum. Em primeiro lugar, homem velho, homem idoso, para mim, é só a partir dos 70. Aos sessenta é maduro, aos cinquenta é adulto, aos quarenta é jovem, aos trinta é uma criança e na casa dos vinte é feto. Eu não tenho culpa que assim seja, é um fato. E que lance o primeiro coroa quem não concordar comigo!
E sabem por quê é que nós, jovenzinhas na casa dos vinte, nos encantamos pelos jovens da vida? É simples, porque têm a experiência de vida que um feto não tem, e porque enquanto o feto procura diversão e quase sempre não leva nada a serio, as jovens buscam a estabilidade e a consequente maturidade que só os quarentões, cinquentões, sessentões e, com sorte, os trintões beirando a juventude, possuem.
Nós não temos culpa! Se o meu tio estivesse me lendo neste momento, diria num tom freudiano: “ Vocês transferem para o sujeito uma imagem totêmica freudiana!” Olha, esse seria o caso se possuísse algum tipo de carência paternal, mas não é. Isso acontece porque o homem mais velho, inteirão, com um papo inteligente, atrai sim. Aí, os céticos perguntam: Mas e o mais novo que é tudo isso, não atrai? Atrai mas não é tão interessante. O homem mais maduro tem um ‘ je ne sais quoi’ que faz com que a sirene hormonal da fêmea toque e estremeça tudo lá dentro. E se o cara der corda, se der razões para que essa sirene não deixe de tocar…aí já viu. Por vezes, nem sequer é proposital, mas basta a presença, um bom dia, um beijo no rosto, um abraço, o cheiro do perfume, qualquer coisa…! Para os nossos dois hemisférios cerebrais transformarem-se numa dupla de órgãos sexuais femininos, prontos a serem possuídos.
É errado? É pecado? Sei lá, pode ser, mas eu nunca fui religiosa. Entre olhar duas vezes para um cara 30 anos mais velho do que eu, bonito, charmoso, cheiroso, gostoso, e olhar para um outro de 25 com estas mesmas qualidades, eu torno a olhar para o cinquentão. Sem dúvida alguma! Aliás, um de 50 vale por dois de 25!
 O Jean não engole esta história, eu sei. Mas eu já avisei: ele que tome muito cuidado – não comigo, é claro! Sorte a dele! Deus poupou-lhe de tal desgraça, fazendo-me sua sobrinha (ou seja, com uma desgraça ainda pior) – porque possui todas as qualidades supramencionadas. O mar tá cheio de peixe e não é por ser o meu tio, mas ele é um isco deveras tentador. E tenho dito (tio, não grite comigo!).

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Mar VI

Por que quanto mais pensamos que pensamos mais vemos que nada vemos?
Ou é justamente por isso?
Olhar o mar é ver tudo e, ao mesmo tempo, nada ver.
Singrar o mar é singrar o desconhecido, rumo a um Eldorado que não existe. Nem existirá.

O Mar V

Solidão.
Talvez seja disso que eu precise.
E do barulho do mar, e da imensidão do nada, que se confunde com o Todo.

O Mar IV

A imensidão do mar é a imensidão de meu mundo interior.
O consciente é o barco, que apenas bóia sobre as águas imperscrutáveis.

O Mar III

Oceano de dúvidas,
ondas de indagação,
marolas de perscrutações,
canais de emoções
que se cruzam.

Ilhas de peregrinos,
imersões de que não retornamos,
pesqueiros em que não pescamos,
homens sonhando ser meninos.

Oceano traiçoeiro,
oceano intransponível,
mar de querelas,
de sonhos, indescritível,
mar sonhado e verdadeiro.

Mar revolto, encapelado,
este mar do meu presente
que remonta ao meu passado.
Mar que ainda eu hei singrado,
com as naus de minha mente,
com memórias ao meu lado.

Quero, mar, que me inaugures
pelos olhos, peito a dentro.
Vem, mar, da epiderme ao centro,
e hás de encontrar-me, algures.

E se me achares, oceano,
em algum lugar de mim,
dá-me o mapa sem engano:
talvez eu me encontre, assim.

O Mar II

Quis ir às regiões abissais, não pude.
Pedi ao barqueiro que parasse, quando chegamos a uma piscina natural. Desci. Pão que jogava sobre as águas, peixes ao meu redor. Éramos natureza. Eu era apenas mais um.
Sinto falta de ser apenas mais um.
No seio daquela fantasia, percebi que a realidade, muitas vezes, é fantasia, e só a fantasia é realidade. Acho que vivo do lado de lá do espelho. Do espelho d'água.
Onde está Netuno?

O Mar...

"As marítimas águas consagradas
que do gado de Proteo são cortadas."
(Camões)
Fui viajar. Fui para uma das paragens da Costa Brasileira. Embora não tenha ido só, em dado momento aluguei um barco. Precisava pensar. Era eu (O Velho) e ele (O Mar) - this old man and the sea.
Na hora em que o barqueiro ligou o motor a diesel, pensei em Caronte, mas... quê!? Foi aí que a vida começou.
À medida que nos afastávamos do cais, aquietei-me. O oceano imenso ao meu redor era o mundo subconsciente: cheio de seres que desconheço e jamais virei a conhecer; só que aquele subconsciente é navegável, e "navegar é preciso". O timoneiro traçou uma rota de acribologia imparagonável, e ia me levar a lugares os mais incongruentes, embora não soubesse.
Enquanto ele pervagava a imensidão equórea, eu submergi em meu mundo, em meu oceano interior.
Vi montanhas de dificuldades, cormorões esfaimados, gaivotas à cata de raiozitos de luz, albatrozes à procura de ilhas sobre que se escondessem, as asas imensas, as asas tronchas e cansadas...

sábado, 24 de julho de 2010

Fuga.



As palavras são pequenas pessoas
Que, quando juntas, formam uma cidade
Fantasma dentro de mim.

Tijolo à tijolo,  
Constroem significados
E albergam entre as telhas
Dos telhados, as respostas
Que procuro.

No escuro,
Acendem suas lanternas,
Entrelaçam suas pernas,
E começam a escalar
Todo o meu corpo.

Torno-me
Na mais alta das montanhas
Enquanto durmo.
E quando acordo, sem voz
Nem melodia que me dê corda,
Vomito as entranhas de Procusto. 

As palavras
São pequenos monstros
Aos quais fujo,
Mas elas me perseguem
Dentro de um labirinto
Onde somente Dédalo encontra
Subterfúgio

Cansada, deixo-me levar
Pelo Touro branco 
Em que Zeus se transforma
E vou embora, encontrando
Na Europa, o meu refúgio.