Há a dor que aponta, espanta, arde, urra, queima
E a gente agüenta, que ela perde a fúria;
E a gente esquece e volta à vida, à incúria,
Porque a vida, sem dor, em viver teima...
Há a dor que esmaga, espanca e lança injúria,
E quer viver pra sempre, e mata a fleima,
E a gente perde o senso, e só a toleima
Nos dita a vida, aos cantos da lamúria...
Um dia ela se vai, e a gente fica.
Há a dor, porém, que é mais, bem mais que nós:
A dor que fica e que nos cala a voz;
A dor que, de viver, jamais abdica:
Um dia ela nos acha, abraça, envolve...
Viemos do pó, e ao pó ela nos devolve...
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