Fomos votar, hoje. Cinco da manhã aí. Fomos ao Porto, num hotel chamado Ipanema, onde, supostamente, estaríamos protegidos da chuva. Su-pos-ta-men-te! Hoje o céu amanheceu desabando, e as pessoas desabavam com ele antes mesmo de chegarem ao outro lado da rua.
A fila era grande. Foi engraçado, já não via grandes grupos de tupiniquins há muito tempo.
Foi estranho, me senti um E.T.
Um comentário:
Sabe, eu fui com o cachorro. Voto no terceiro andar duma escola em Moema, que não tem elevador. Falei com as recepcionistas e elas me autorizaram a subir com o K9. Enquanto eu ia pelas escadas com ele, as pessoas, as mais bem-humoradas, olhavam e diziam: 'parabéns por vir com o cachorro, pois ele votará melhor que os brasileiros!'
Outros diziam: 'ah, se os cachorros votassem... talvez o Brasil fosse melhor.'
Quando cheguei à secção, os 3 mesários presentes ficaram encantados com o bichinho. Parece que esqueceram, por alguns instantes, que estavam lá, como eu, cumprindo um dever. Afinal, ver as mesmas caras há 25 anos... sim, desde que o Brasil se abriu para o voto direto, as únicas alterações no cenário político ocorreram pelas mortes dos mais velhos ou dos - embora mais novos - doentes, ou pela chegada dos filhos das velhas raposas. Ou filhotes, claro. Cobras criadas.
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