quarta-feira, 29 de setembro de 2010

"In Itinere" - Jean Valjean

Despeço-me da vida, a pouco e pouco,
sorrindo-me, chorando-me, vivendo.
Enquanto rio-me, eis-me aqui morrendo;
enquanto choro, estou ficando louco.

Não ouço gritos. Tenho o ouvido mouco.
Não vou gritar. A glote está doendo.
Viver sem ver, ou ver sem estar vendo
é coisa de um insano, de um tarouco.

Espero, sim, mas só nunca esperar.
Ainda creio. Eu creio num não crer.
Estar ou não estar? Que há-de valer?

Enquanto rio, para não chorar,
não noto, mas já posso desconfiar:
deixo de ser e luto, até não-ser.


5 comentários:

afonso rocha disse...

Será que me vai acontecer o mesmo??? rsrsrsrsrssssssss

Fabuloso!!!!
Eu queria ver...e ler...
o Vautour...responder a isto...
mas em soneto!!!!!
Abração

Cosette disse...

Eu posso saber o que está acontecendo aqui? Que raio de melancolia é essa? Não gosto. Não gosto mesmo. Xô! Empurra o urubú para o outro lado!
Não me faça recorrer à terapia de choque.

Beijo Bicho, nas bochechas-fix.

Jean Valjean disse...

Ué, Afonso, vamos esperar o Vautour. Quem sabe ele passa por aqui e se inspira?
Abraço forte!

Jean Valjean disse...

Sô, digo... Cô? Ah, desses momentos de melancolia inexplicável, que todos têm. Vai ver é o Vautour sobrevoando a minha cabeça, ó. Cara chato! Terapia de choque? O que seria isso?

Cosette disse...

Ué, eu ligar a web e começar a comer ovos moles! Hahahahahaha! Os verdadeiros, é claro.