quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

À beira-mar .



Eis a beleza da vida:

Não pensar em nada.

Sentar-me na areia quente desta praia

E fazer-me onda na sua vastidão.


Não há nada mais belo do que encontrar nos teus olhos

- Duas amêndoas castanhas prestes a serem mordidas -

Um só coração para duas vidas

E um cruzar de mãos na escuridão.


Eis a beleza da vida:

Não pensar em nada quando estou contigo.

Deixar-me tocar pelos teus dedos

- Delicados pincéis sem tinta –

Enquanto ouvimos o som da nossa respiração.


Não existe amor dentro de nós:

Somos ocos.

E a nossa felicidade está em sentir o vazio

Que preenche o oceano da emoção.


Eis a beleza da vida:

Escutar a tua respiração ofegante

E ao silenciares, respirar por ti.


Perdoar-te por não me amares como eu te amo:

Quase nada.

E por me odiares porque te amo.

E por amares quem eu mais odeio.

E por viveres me amando assim, perdidamente,

À beira mar.

*
(ps: tio, ainda bem que gostaste das mudanças que fiz ao blog ^^ eu achei aquele bonequinho a tua cara! E não tiro ele de lá por nada !)

Um comentário:

Jean Valjean disse...

Aqui o amor de perdição e o de salvação se encontram. Se é que existe a possibilidade de não se encontrarem, já que o ser vive de sentimentos antípodas, contrapostos, embora complementares.
Amei o texto.
O bonequinho? É a minha cara, em 1971.
Beijos,
tio