Eis a beleza da vida:
Não pensar em nada.
Sentar-me na areia quente desta praia
E fazer-me onda na sua vastidão.
Não há nada mais belo do que encontrar nos teus olhos
- Duas amêndoas castanhas prestes a serem mordidas -
Um só coração para duas vidas
E um cruzar de mãos na escuridão.
Eis a beleza da vida:
Não pensar em nada quando estou contigo.
Deixar-me tocar pelos teus dedos
- Delicados pincéis sem tinta –
Enquanto ouvimos o som da nossa respiração.
Não existe amor dentro de nós:
Somos ocos.
E a nossa felicidade está em sentir o vazio
Que preenche o oceano da emoção.
Eis a beleza da vida:
Escutar a tua respiração ofegante
E ao silenciares, respirar por ti.
Perdoar-te por não me amares como eu te amo:
Quase nada.
E por me odiares porque te amo.
E por amares quem eu mais odeio.
E por viveres me amando assim, perdidamente,
À beira mar.
*
(ps: tio, ainda bem que gostaste das mudanças que fiz ao blog ^^ eu achei aquele bonequinho a tua cara! E não tiro ele de lá por nada !)
Um comentário:
Aqui o amor de perdição e o de salvação se encontram. Se é que existe a possibilidade de não se encontrarem, já que o ser vive de sentimentos antípodas, contrapostos, embora complementares.
Amei o texto.
O bonequinho? É a minha cara, em 1971.
Beijos,
tio
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