domingo, 17 de janeiro de 2010

Devaneios da Madrugada pt.I

O meu irmão é esquisito. Quer dizer, não é esquisito porque é o meu irmão. É esquisito porque nasceu sendo esquisito e optou por continuar esquisito até hoje. Ninguém o acha tão esquisito como eu. Deve ser porque eu sou a irmã, responde a minha mãe (sorrindo). Você também é esquisita, exclama o meu pai. Aliás, você é o bicho mais estranho que eu já vi em toda a minha vida. Eu respondo que, esse bicho estranho que ele hoje vê, um dia foi um dos seus milhões de espermatozóides e que saiu do seu pingolim. Logo, o esquisito era ele. Você é o produtor deste bicho estranho, exclamo. Ele sorri. Não tenho culpa, responde, foi o teu irmão que pediu para você nascer…!
Olho para ele. Temos quatro anos de diferença e somos fisicamente parecidos. Só. Tirando isso, ele continua sendo esquisito para mim. Mas eu também devo ser um bicho estranho para ele. Principalmente no dia em que descolori a parte de cima da cabeça e só depois me lembrei que já não havia descolorante para o resto do cabelo. Conclusão: fiquei com a parte de cima amarela, com a parte de baixo castanha e passei 7 meses seguidos com ele me perguntando se alguém me tinha quebrado um ovo na cabeça.
 São nestes momentos que invejo os filhos únicos, mesmo sentindo pena. Pena porque não têm em quem bater quando estão com raiva, ou a quem fazer inveja com a sobremesa, nem a quem culpar quando fazemos arte, tão pouco a quem chantagear e extorquir quando nos convém.
A verdade é que eu se tivesse nascido ele, teria me espancado quando éramos pequenos. Mas não foi isso que ele fez…Até porque foi ele que me pediu, por isso aguenta…quem mandou querer uma irmã mais nova? 


Deus não aceita devoluções, nem o pingolim.

Um comentário:

Jean Valjean disse...

Isso é amor de irmãos, oras bolas!
Uma briguinha aqui, outra ali, digam-me os irmãos se não as há! E que atire o primeiro pecado aquele que esteja sem pedras.
Abraços do tio!