segunda-feira, 18 de janeiro de 2010






Eu sou A Menina Das Lágrimas de Cera. A criança que se senta no balanço de madeira. Eu sou a menina que se senta no balanço de madeira e espera. Eu sou a espera da menina que se senta no balanço de madeira. Eu sou a forma, a distância e o peso da sombra que me separa daquele que eu quero encontrar.

 Sou a chama que dilacera e o fogo que se alastra pelos quatro cantos da sala de estar. Eu sou a velha sentada na cadeira e sou a vela. Sou o derreter dos dois corpos velhos sentados no sofá. Eu sou a chama dos olhos daqueles que se apagam e o último suspiro de um coração a naufragar. Sou a solidão sentada nas escadas da igreja. Eu sou ela pedindo esmolas a quem quer que a veja. Sou um corpo incapaz de abraçar a própria sombra. Sou a distância entre o corpo e a sombra. Eu sou o corpo, tu és a sombra e o destino é a distância que nos teima em separar.

Um comentário:

Jean Valjean disse...

Pura prosa poética. Curta, profunda, linda.
Abreijos do tio.