quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010



Sejamos inteiros enquanto os nossos olhos se reflectirem na água pura do rio que rega e aduba as plantas dos nossos pés. Sejamos uma árvore cujos frutos alimentarão as almas condenadas que se mataram com esperança de começarem a viver. Sejamos juntos, a transparência do infinito, um corpo inatingível, dois amores platónicos destinados a morrer.


Quando o mar abraçar o leito do rio, envelheceremos os dois na porta de casa, com os pensamentos submersos nas nossas próprias marés. Seremos dois cadáveres petrificados, sentados de mãos dadas numa cadeira de crochet. Deixaremos que as raízes das árvores se enrosquem em cada perna, e que os nossos corações adubem as terras inférteis que enlameavam os nossos pés. Submersos, seremos o nada que o nosso espírito se negava a ver, e encontraremos a felicidade de que me falavas, quando encostava a cabeça nos teus ombros enquanto víamos a chuva abrandar. A aurora está no brilho dos teus olhos. Seremos sempre jovens enquanto virmos o rio correr.

( eu queria muito que o blogger colaborasse com a m*rda da edição da postagem. Mas hoje - sei lá eu a razão - esse fdp do c*r*lho resolveu me f*der a p*ta da paciência!)

4 comentários:

Jean Valjean disse...

Hahahahahaha! Adorei o rodapé! Ri tanto, mas tanto, que me fartei. Olha, depois eu volto para comentar o principal, ok? Hahahahahahahaha!

Jean Valjean disse...

É o que eu falo: tem de deixar a leoa rugir...

Cosette disse...

Agora, já muito mais calma, ri que me entortei!
Irreconhecível. Eu fico absolutamente irreconhecível quando estou danada.

Jean Valjean disse...

Passado o impacto com o rodapé, posso falar do texto.
Imagens lindas, incontestáveis. Você tem o dom de burilar a palavras e criar mosaicos. Há um caleidoscópio de idéias que nos conduzem, nos levam...
Lembrei-me de Juca Mulato: "coqueiro, eu te compreendo o sonho inatingível: queres subir ao céu, mas prende-te a raiz..."
Há uma coisa que costumo dizer: a saudade e a esperança são uma o reflexo da outra, no espelho. As duas nos enganam, pois a saudade nos acena com as delícias do passado que não voltará, e a esperança com os prelibares de um lindo futuro que provavelmente não haverá. As duas são traiçoeiras, são miragens no deserto, são sonhos. O risco de obumbrarem o presente é muito grande. Justo o presente, que deveria ser, convenhamos, um "gift"! Mas quê!?
Enfim, divagações à parte, o texto é lindo, enquanto literatura. Acalenta a alma enquanto é belo, causa dor enquanto fala em saudade e em esperança. É sombra e é clarão. É romântico e simbolista.
Gostei muito.
Jean.
p.s.: esse rodapé é impagável!