Aí o meu avô disse que não viaja de avião porque tem medo de morrer. Disse que já não sobe tão frequentemente a sua rua porque dói-lhe as costas. Porque dói-lhe os ombros e as pernas, e porque pode morrer. Às vezes eu tenho a impressão que esperar a morte tem sido o seu principal propósito de vida. Que eu saiba, foi logo após ele ter sofrido o seu primeiro – e único – enfarte, há mais de duas décadas, que a morte tornou-se desculpa para ele não viver. É triste, mas ele ri. Talvez a ideia do seu próprio óbito lhe faça cócegas.
2 comentários:
Sobrinha, a mim me faz também!
há quem viva há tanto tempo à sombra das desculpas, que não sabe mais como continuar sem elas.
bjsmeus
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