domingo, 27 de junho de 2010

Todo o mundo sabe que eu sou medrosa. Que sou claustrofóbica. Desconfiada. Super hiper mega ultra (ou sei lá eu qual é a ordem disso) insegura. Que odeio quando me dizem: “ Eu tenho que falar com você”. Me dá um arrepio na espinha, e logo penso: “Ih, fiz merda.” Que odeio ainda mais quando me dizem: “Tenho que falar com você”, ai eu respondo: “ Fala” e o/a sujeio/a diz: “ Ah… deixa pra lá!”. Só eu sei a vontade que sinto de mandar a pessoa se f*der. Mas quando me dizem que têm um assunto super hiper mega urgente para falar comigo, eu não piro mais. Os assuntos hiper mega ultra super urgentes da minha mãe terminam sempre com um ponto de interrogação “ Menina ruim, eu tenho que pedir um beijo prá você?”, “Filha, lava a louça para mim?”, “ Filha, vamos passear? Vem descer o lixo com a mãe.”, “ Quer deixar de ser criança?”, “ Me empresta o seu esmalte preferido que você nunca emprestou para ninguém?, “ Vamos na padaria?” e a pior pergunta de todas: “ Quer sopa?”
No fundo, todas estas elas são retóricas, pois na maioria das vezes eu nem sequer me dou ao trabalho de respondê-las. Mãe que é mãe, tem o talento especial de pedir para que façamos aquilo que a gente mais detesta. Não é que eu não goste de a beijar, mas é que a filha dos sonhos dela sempre foi uma menina com o quarto super cor-de-rosa, com um armário abarrotado de coisas cor-de-rosa, com a mesa de estudos super hiper ultra mega organizada, com a cama ipecavelmente feita e, principalmente, que a beijasse no café da manhã, que lhe desse mais uns 5 beijos durante a tarde, e que corresse para o quarto dela antes de dormir e lhe amassasse as bochechas com mais 10.
 Coitada, talvez, se eu me chamasse Angélica, as coisas fossem (bem) diferentes…

4 comentários:

Jean Valjean disse...

Cô, é o seguinte: tenho de falar com você.

Cosette disse...

Ah, não fale. Não com tanta cafeína no organismo.

Jean Valjean disse...

Aquilo me fez bem. Eu precisava de mais ainda, mas não rolou. No estrambo não cabia mais nada.

"Seo" Renato disse...

Claustrofobia. Tenho isso quando imerso em meus pensamentos. Eis aí um verbo que não devia ser defectivo, senão abundante. Imergir e sufocar não é bom sinal, senão indício claro de que é preciso praticar. Imergir é preciso, senão não se pode refletir.