segunda-feira, 3 de maio de 2010

Considerações do coração sobre o amor

Não escolhemos o amor; é ele que nos escolhe. De repente, chega, entra sem bater na porta (isso quando não a arromba, sem a menor cerimônia) e quando nós olhamos já está dentro de casa. Ele manda na alma, manda no corpo, nos permeia, preenche, extravasa, e nele imergimos, pequeninos, insipientes e incipientes.
Quando se olha para o ser amado, vemos algo para dentro dos olhos, para lá da mente, por baixo da epiderme, e que circula com o sangue, e que brilha em algum lugar, em algum momento e não se explica, por mais que se queira.
"Fogo que arde sem se ver, ferida que dói e não se sente...", sentimento ao qual "serei atento antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto, que mesmo em face dum maior encanto, dele se encante mais meu pensamento". Nele mergulhado, nesse "não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei por quê", é que o ser-humano se perde. "Numa hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não possa achar uma hora". Tão perdido se fica, a ponto de "em vivo ardor tremendo" estar, "de frio".
Desespero? Jamais, "posto que não pode haver desgosto onde esperança falta". "Mata-nos suavemente" esse mal que efetivamente "mata e não se vê". E "tem favos e tem caldos quentes, e ao mesmo tempo que faz bem, faz mal."
Uma vez, novo ainda, escrevi, depois de haver lido Augusto dos Anjos dizer que amor "é espírito, é éter, é substância fluida... é como o ar, que a gente pega e cuida... cuida, entretanto, não o estar pegando". Àquela época, como ia dizendo, escrevi que amar é contemplar a quem se está amando como quem olhe estrelas cintilantes: sentindo-as próximas, se estão distantes; subindo a elas, nunca as rebaixando.
Um sentimento assim tão etéreo nos eleva. Esquecemos onde estamos: em que lugar, e mesmo em que dimensão. Tempo e espaço perdem a razão de ser.
Shakespeare, em "Carpe Diem", diz à sua amada que não ande tanto, nem procure algum lugar específico para estar, pois que o repouso dos amantes está num local conformado pelo encontro dos corações.
Ficar falando de amor... bobagem. Tantos já disseram de sua força, da "paixão que" em alguém "nos exalta", do "vago encanto da" pessoa "amada", da ausência de explicação pelo fato de o coração ter razões que a razão mesma desconhece. Para quê?
Cheers! Quem estiver a viver um sentimento desses, que viva, pois é bom demais.

3 comentários:

Cris Medeiros disse...

Huuumm tem alguém se apaixonando? rsrs! Tomara que seja por mim... rs... De qualquer maneira se apaixonar é uma montanha russa, principalmente quando não somos correspondidos, aí é um sobe e desce repentino que a gente perde o controle... Já quando somos correspondido é uma fase em que vivemos sob o efeito de uma droga deliciosa... eheheh

Beijocas

Cosette disse...

"Love's in the air, everywhere I look around....Love's in the air, every sight, ( every comment) and every sound...!"

Hahahahaha!
Nada a acrescentar.

Jean Valjean disse...

Sobrinha, comporte-se! O que a Dama vai pensar???