segunda-feira, 17 de maio de 2010

O tio pelos olhos da sobrinha.



De todos os meus tios – e quem fala todos, fala quatro – o Jean sempre foi o meu preferido (apesar dos sucessivos abandonos já narrados). Tudo com ele sempre foi muito mais fácil do que com os meus pais. Passo a explicar:
O meu tio tem um coração mole. Molengão mesmo, e o que tem de mole, tem de grande e tem de belo. Mas isso, por enquanto, não vem ao caso: é mole. E eu, que venho de uma família de mafiosos sicilianos, nunca perdi a oportunidade de o chantagear. Mas o faço com amor e dedicação. Ora, e por qual razão eu faço isso? Porque, apesar d'ele nunca ter dito em voz alta, eu sei que sempre fui a sua sobrinha predileta. No fundo, eu acho que ele gosta de ser explorado pelo sexo feminino, seja quem for. Aqui mesmo, no blog, ele não quer voltar a administrá-lo, pois diz gostar de ser dominado por mim. Eu, sinceramente, me sinto honrada, e farei os possíveis para nunca o desiludir.
O Jean é um doce. Coisinha mais linda. Orgulho da sobrinha. É verdade! Eu babo no cara. O povo ri de mim quando eu digo isso, mas eu não estou nem aí. É o meu xodó. Quando era criança, e o meu pai corria com o cinto atrás de mim, era atrás do meu tio que eu me refugiava. Quando a minha mãe lançava o tamanco lá do topo da escada, era o Jean que ela acertava. Quando eu roubava bolachas dos potes da minha avó, era com ele que eu as partilhava. Quando o meu pai se negava terminantemente a aceitar meus namoricos, era o tiozão que estava lá, na linha de tiro, de peito aberto pela sobrinha. É, eu nunca me esqueci.
Muita coisa que sei hoje – principalmente as mais nojentas – foi com ele que aprendi. Era para o meu tio que eu telefonava quando brigava com um namorado e ele, em plena madrugada, levava dois pratos e uma panela de macarrão com feijão para comermos juntos. Foram várias as pizzas frias e feijoadas com farofa. Foram várias as bananas nanicas. Só que aí, eu cresci…e hoje, quem tenta colocar juízo na cabeça dele sou eu! C’est moi! Sou eu quem o salva das tamancadas das ex-namoradas, das cintadas da mãe e dos puxões de orelhas do pápis. Sou eu quem o protege dos bichos esquesitíssimos que o querem traçar. Mas sabem de uma coisa? Eu não me importo que o meu tio tenha se tornado na criança da nossa relação. Apesar d'ele estar prestes a me trocar pela mocréia da Sarah, ele continuará sendo o meu tio preferido. O mais querido. Alguém que eu não dou, não troco, não vendo, não financio, não reformo, não nada. Eu gosto dele assim: com um coração enorme (só para mim).

11 comentários:

Jean Valjean disse...

É... taí, uma declaração de amor que não é exatamente a que o meu ego esperava, mas até que é bonitinha. Vamos por partes. Eu já lhe disse, sim, que você é minha sobrinha predileta, ao que você redarguiu: tio, eu não sou a predileta, mas a única! Lembra?
Depois tem um troço assim, ó: que papo é esse de aprender comigo as coisas mais nojentas? As mais nojentas, querida, você aprendeu sozinha! Eu lhe ensinei coisas boas, purinhas e saudáveis, e agora vem você, querendo jogar nas minhas bochechas(fix) essas acusações graves que não se sustentam!
Adorei esta parte:
"O Jean é um doce. Coisinha mais linda. Orgulho da sobrinha. É verdade! Eu babo no cara. O povo ri de mim quando eu digo isso, mas eu não estou nem aí. É o meu xodó."
Pronto, tocou o meu coração mole, molengo, amanteigado, etc. Aliás, na minha idade, tem muitas outras coisas moles que a vida não consegue evitar...
A barriga, os pêitxu já muxiba, a cabeça, que sempre foi mole, &c.
O trecho que fala dos 'sucessivos abandonos' não procede: são coisas da sua imaginação de criança. Eu sempre estive, estou e estarei ao seu lado, ora bolas!
Adoro, sim, ser dominado, e já deixei isso bem claro: você faz e desfaz, manda e desmanda. Isto deve ser reflexo de algum complexo freudiano mal explicado (hehehehe). Quero que continue assim - você por cima!!! Só que isso não representa 'ser explorado'. É algo legal, leve, suave e que me agrada. É que você faz uns beicinhos infantis, e aí me convence. Não basta?
Bom, o resto eu comento depois.
Abreijinho do tio emocionado!

Jean Valjean disse...

Ah, havia me esquecido: tem a Sarah. Não fale mal da Sarah, que ela é uma graça. Inteligeeenteeee, que só ela. Cabeça aberta, corajosa, leoazona, ó. Despreze-me, e você vai ver.
Mais tarde eu volto.
Abreijinho de novo.

Jean Valjean disse...

Hey, agora que tometocando. Tem algum bicho querendo me traçar, ultimamente? Reparei, não...

Anônimo disse...

Ah, Jean, não me defenda...Eu compreendo, ciúme de sobrinha é f*da.

Cosette disse...

Ciúme? Até parece, eu não sou nada ciumenta.
Hunf --'

Furlan disse...

Jean, que declaração linda! Quem me dera tivesse eu uma sobrinha assim! Escreve bem, fala de você bem melhor do que você realmente merece, é inteligentíssima, divertida, enfim... tudo!
Parabéns ao tio e à sobrinha! Ah, e trate a moça melhor, ou eu a subtraio do seu blog e levo-a para o meu, tá?

Cosette disse...

Ah, Vautour, ele valoriza sim. Lá da maneira dele, mas valoriza. Por vezes, ele pode parecer meio secão, mas é tudo ilusão de ótica (tirei o maldito 'p'). As ameaças dele não têm credibilidade. Hahahahaha!

Um beijo!

Cosette disse...

Ah, tio, tinha um troço tentando te devorar, sim. Esperemos os próximos capítulos.

Jean Valjean disse...

Affeeee!

afonso rocha disse...

Cosette!!!!!!
O teu texto está fantástico....
Se tivesse alguma sobrinha mostrava este...´
...e no lugar do teu tio...com uma ternura destas...te oferecia uma viagem à volta do Mundo durante um ano...
Agora não mostra a ele, não????
Senão ele vai me pegar!!!!!!!
Ji

Cosette disse...

Vês tio? Vês?! O Afonso sim, sabe me dar valor...!

:D

Beijos Afonso!