Sabes?
Vários minutos se passam, e aí, de repente, ainda com os olhos fixos na janela, te apercebes de que ela está aberta e de que o tapete encontra-se absolutamente enxarcado. Saltas da cadeira, em total desespero, enquanto te indagas a razão de não teres reparado que a maldita não estava fechada. Descalço, pisas no tapete para fechá-la. Tentas secar o peito do pé, os dedos e o calcanhar no tapete molhado. Voltas para a cadeira e agora olhas para a irregularidade das tuas pegadas. Fixas os olhos no chão enquanto a chuva, lá fora, continua sovando os desabrigados. Segundos depois, despertas para a realidade com a sensação de te terem sussurrado ao ouvido que as pegadas já haviam secado.
Sonolência? Distracção? Evasão do espírito?
Lá fora, continua chovendo pedras de granizo. Aqui dentro, a minha mãe me matará quando souber do tapete molhado.
4 comentários:
Ou dará um abraço forte, se ler esta postagem - obra de arte.
Sua mãe conhece seus textos? Ela tem a mesma sorte que eu tenho?
Abraço forte? Levei um pito que só visto! Hahahahahahaha. Conhece nada, o meu irmão conheceu alguns e diz que não consegue opinar porque todos eles têm uma grande carga de sentimentos depressivos. E o pior é que ele tem razão.
O quê da ciclotimia está em poder, quando se está na crista da oscilação, contemplar mais lucidamente o vale.
Não lhe parece?
A mim parece. Ele não faz a mínima ideia do que isso é (:
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