segunda-feira, 8 de março de 2010

Lápide.

O sol queima a terra
Que ela pisa quando procura, incessantemente,
Não sabe o quê.
Seus olhos desfazem-se em lágrimas
Diante do túmulo de quem hoje é apenas cinzas,
E eu encaro a campa, e depois a cara da viúva
Que chora há mais de trinta anos por um corpo
Que não sabe de quem é.
Analfabeta, jura que ele está ali
Pelas redondezas.
Por isso,
Todos os dias se debruça sobre 
A lápide de um zé-ninguém.

Eu escuto e sacudo a cabeça
Tentando secar o suor que me escorre pela testa.
E juntas ajoelhamo-nos sobre a campa
Sem sabermos se está ali alguém.

3 comentários:

Furlan disse...

Ué... nem sei o que dizer deste texto! Rolou um momento de revolta? Revolta bonita, de estética e profundidade inatacáveis, mas revolta.
Taí, gostei. Vou deixar o resto pro seu tio falar. É impressão, ou você separou os bonequinhos? É porque ele gosta de sopa, e você não?

Cosette disse...

Ola Vautour,
Sim, rolou. Aqui rola de tudo. Vivo constantemente enrolada pelos meus enroscos.

Ah, não. Não tem nada a ver com a sopa não. Eu é que não tinha outro lugar pra enfiar o dedo, estava entediada, e resolvi cutucar nos bonequinhos.

Beijinhos!

Jean Valjean disse...

Calma, Vautour, ela já se retratou do gravíssimo delito que quase me matou do coração...

Quanto ao texto, é lindo e é profundo. Entre realista e pessimista, é lúcido e, em sua sinestesia, sinto cheiro de madrugada.

Abreijos!