domingo, 14 de março de 2010

Obrigado!

Sobrinha, minha tia-avó era uma senhora muito sábia e também muito rígida. Ela foi educada em colégio de freiras, tocava piano, pintava em tela, a óleo, falava árabe, inglês, francês e português fluentemente. Conhecia etiqueta como ninguém e entendia tudo de vida - esta era a parte que mais me chamava a atenção.
Nasceu hemiplégica, lá pelos idos de 1928, e faleceu, depois de uma vida muito sofrida, e de um coma bastante prolongado, em 1998.
Com ela aprendi várias coisas, entre as quais recusar uma oferta. Quando íamos jantar em casa de amigos, no interior, ela nos fazia jantar antes: era feio chegar esfaimado à casa dos outros e comer feito o lobo-guará que não vê caça há um duodecêndio. Ao contrário, se alguém ia à nossa casa, verdadeiros banquetes eram preparados (e devorados). Ela ficava muito feliz ao ver que aos outros prazia comer o que fizera.
Há muitas histórias dessa mulher forte, que guiava um Malibu adaptado (que meu avô, à época, importou do Canadá), fez história em sua cidadezinha e deixou um rastro muito interessante de suas "pegadas" mentais. Foi uma das pessoas que me iniciaram em Religião - muito mais pela conduta do que pelas palavras, e acreditava firmemente em Deus. Era perfeita? Naturalmente, não; era, todavia, um exemplo.
E por que mandei ver neste trololó todo, aqui? Hm...
É que você preparou um banquete para mim: deu-me poderes de administração. E eu, munido de tais poderes, recusei-os. Fi-lo, entretanto, por bem. Recusei-os porque uma determinada pessoa, cujo nome não merece menção, poderia abusar de tais poderes - embora eu não creia que vá fazê-lo, depois da carraspana que lhe passei, na última ousadia.
Lembra daqueles versinhos lá embaixo? Os que intitulei "amizade e confiança"? Pois é... você me ofereceu, mostrou amizade e confiança, e eu neguei, por um bom motivo.
C'est ça, já falei demais.
Obrigado, e abreijos!

3 comentários:

Cosette disse...

A história da tua tia-avó me fez lembrar a minha família por parte de mãe. Quando comemorávamos algo, ou simplesmente nos reuníamos para almoçar ou jantar, o meu avô já tinha comido qualquer coisa antes. Achava esquisito, e a minha mãe não se conformava, afinal, estávamos em família... mas enfim. Vai tentar mudar a cabeça de um cearense. Ele comia e quando achava delicioso, pedia para que a minha avó pedisse à minha mãe para levar um pouco para casa.


Quanto ao restante, hum...ok, se é por essa razão, eu aceito. E não há o que agradecer, o blog é dos dois, oras.
Ah, e quanto aquela outra coisa, já tirei a restrição! Ela já deve ter vindo e dado de caras com a mensagem, por isso, não deve voltar mais.

Beijoooo!

Anônimo disse...

Bonito o post :) No entanto, ela não fez mais do que a obrigação. Felizmente, ela sabe que este blog sem o tio dela, não é nada.

Jean Valjean disse...

Preciso intervir: acho que os dois são ou somos parte deste blog. Se alguém devêra (ui, não resisti a este acento que não existe desde 1971!) sobreviver, esse alguém seria essa moça aí, pois o tio dela já é mais passado do que presente. Que dizer de futuro?