Meus pensamentos são onomatopeias.
Gritos que se confundem com suspiros;
Pedidos de socorro e consoantes acidentadas
Numa estrada onde o trânsito é proibido.
A sinalização é sempre a mesma:
« Proibido Pensar» escrito com tinta vermelha.
Mas sempre que me perco entre as curvas
E contracurvas dos meus abismos,
Os meus demónios desatam aos guinchos.
Penso porque o meu cérebro
Não funciona de outra maneira:
Meus pensamentos são carros sem freio
Que batem nos postes dos meus precipícios.
A voz que ouço não é a mesma
Que me açoita a garganta.
E meus dentes mastigam um silêncio
Que não quer ser cuspido.
No fundo, eu sou a ponte
Entre aquilo que sou
E o que deveria ter sido.
5 comentários:
Ah, que delícia... depois diz que o tio é génio. Eis aqui a genialidade da forma e do fundo, da essência e da estética. Suave e forte a um só tempo, profunda e diáfana, aguda e obtundente.
Quem pode com você, menina? Quem pode?
Saia daqui e vá para um blog onde o seu talento vai ser reconhecido, oras bolas!
Ah, deixe-me aduzir: você é a ponte entre o que é e o que deveria ter sido. Assim, o mérito de haver transformado hiato em ditongo é toda sua!
Alvíssaras!
Antes de elogiar a minha sobrinha, que sempre excele, um veto ao Decadente: "o mérito"... "é toda sua"? Poupe-me, Decadente! E depois vem dizer que é a mim que a idade anda afectando?
As suas metáforas são de uma riqueza tão grande, que até me arrepiam a epiderme. E olhe que esse arrepio da epiderme é só o reflexo daqueloutro, da alma. Que coisa linda! Tomara que seu carro continue sem freios e que as curvas sejam bem acentuadas, pois seus abismos trazem panoramas maravilhosos!
Que história é essa de "afectando", Jean?! Escreva direito, por favor!
Cô, é...tá bonitinho. Mas no que toca aos versos, o teu tio é inigualável.
Aprende com ele.
Beijos!
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