quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Mar III

Oceano de dúvidas,
ondas de indagação,
marolas de perscrutações,
canais de emoções
que se cruzam.

Ilhas de peregrinos,
imersões de que não retornamos,
pesqueiros em que não pescamos,
homens sonhando ser meninos.

Oceano traiçoeiro,
oceano intransponível,
mar de querelas,
de sonhos, indescritível,
mar sonhado e verdadeiro.

Mar revolto, encapelado,
este mar do meu presente
que remonta ao meu passado.
Mar que ainda eu hei singrado,
com as naus de minha mente,
com memórias ao meu lado.

Quero, mar, que me inaugures
pelos olhos, peito a dentro.
Vem, mar, da epiderme ao centro,
e hás de encontrar-me, algures.

E se me achares, oceano,
em algum lugar de mim,
dá-me o mapa sem engano:
talvez eu me encontre, assim.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha, andei falando com a Cô, e estamos de acordo num ponto: tens de viajar mais vezes. Mas viajar com o corpo, pois com a alma já o fazes muitas vezes. Levar o corpo para lavar a alma. Deixar o corpo e trazer a alma. Tornar-se incorpóreo com o tempo.

Furlan disse...

Ele não vai achar nada, Valjean. Nada. Esteja certo disto.