Eu devia ter uns 18 anos? Talvez. Aí arrumei uma namoradinha legal, a coisa fluía bem, até que um dia começamos a transar. Eu era novato, embora não fosse 0 km. Ela estava em condições similares.
Estávamos aprendendo quase tudo, e eu, o geniozinho do casal, tive uma idéia brilhante:
- Que tal tirarmos um filme pornô na locadora, para vermos juntos?
Ela, animada:
- Ótimo!
E fomos lá, um tanto quanto envergonhados. O rapaz da locadora já me conhecia, embora não a ela. Entrei, ou melhor, entramos:
- Oi, boa tarde!
- Boa tarde, Valjean! Vai levar um clássico hoje de novo? Temos um Buñuel sensacional, você quer?
- Ah, hoje não, obrigado. Na verdade, gostaria de levar um filme para ver com ela.
Ele me olhou e sacou:
- Já sei! Algo mais romântico: "E o vento levou"? "Dr. Jivago"? Alguma comédia romântica norte-americana?
- Er... não.
A vergonha me consumia. O cara já estava com seus quase trinta, era mais experiente do que eu, e eu lhe disse, ainda que um pouco ruborizado:
- Você não tem algo assim ... digamos... mais forte?
- Mais forte? Você quer um pornográfico? "Fudeção" mesmo?
Bom, aquilo bastou para acabar com quaisquer paredes de acanhamento.
- É, pode ser.
E então ele nos conduziu à prateleira da pornografia. Eram filmes nacionais, japoneses, norte-americanos, alemães, poloneses, e com uma vantagem: tudo se entenderia. A linguagem universal dos gemidos, as caras de gozo forçadas, as posições de contorcionismo...
Escolhemos um filme norte-americano que ele mesmo indicou, com os agradáveis dizeres:
- Pode levar, Valjean, que aqui é 'pau na b... e na b... o tempo todo, tem felação, cunilíngue e tudo o que você possa imaginar'.
Ótimo. Paguei o valor da locação e fomos para casa, animados, pois seria só nossa por dois dias: meus pais viajaram, meus irmãos estavam na casa de uma tia.
Cheguei animadíssimo, liguei o videocassete e logo começou a coisa:
Um negão de 2,00 m, com uma jeba de dois palmos, grossa como a minha perna, entrou enristado num quarto onde uma mulher branca como a neve, que ele chamava de 'snow flake' por razões óbvias, já estava na cama, nua e de pernas abertas.
Para efeitos do filme, ela estava se iniciando no sexo; o estranho é que quando ficou de quatro a gente não sabia que buraco era maior - o de trás ou o da frente -, a ponto de o obelisco do crioulo, aquele pau enorme de jumento, nem fazer muito esforço para entrar lá. Às vezes a gente até pensava que era o badalo de um grande sino, mas vá lá.
Olha, sinceridade: quando vi aquele membro, revi meu conceito sobre membros. O meu sempre foi uma coisinha normal, nada além do desejável, e o do cara era um braço. Ele podia ir lá e penetrar a mulher (quase virgem, coitada) em qualquer posição, por horas a fio, e eu, pobre de mim, 15 minutinhos e... aaaaaaaarggggghhhh! Ui! Não guento mais, querida, eu vou ... aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhh! Eu fui!
Tinha tudo para dar certo, mas o pau do negão entrou na minha alma. Eu não consegui fazer outra coisa, que não ficar embasbacado, aterrorizado e cheio de inveja daquele picalhão, daquela berinjela gigante, e querer me matar pela minha cenourinha da turma da Mônica.
A ereção dele era a ereção de um guindaste. Se a branquela quisesse fazer barra ou mesmo os giros olímpicos no troção do cara, ah, fazia, fácil. Ela pegava o foguetaço com as duas mãos (que não conseguiam se fechar!) e ainda sobrava a cabeça, ou melhor, a cabeçona inteira e mais um pedação do pescoço para fora. Se existisse camisinha para ele, seria camisola, macacão ou aquelas capas de chuva imensas, sabe? Se fosse camisinha comum, ele usava como boina, e ainda com o risco de estourar tudo. Na boca da 'virgem' branca de neve só cabia um pedaço do cerebrozão do vigoroso tronco de ébano. Pobre de mim, que quase tinha que fazer uma dobra na camisinha júnior que comprara na farmácia. Ai...
De tesão a depressão em 40 minutos de ereção (dele, é claro, pois da minha parte...).
Aí o filme passou, acabou, a mulèzinha gozou umas 87 vezes, os jatos de esperma do sujeito pareciam esguichos de lava-rápido, ou de mangueira para incêndios de grande proporção, afora que ele deu umas 10 sem tirar de dentro.
A parte boa foi que ao fim do filme ela olhou para mim e disse:
- Valjean, tamanho não é documento...
Original mesmo. Acho que meu infinitésimavô já ouvira aquilo de minha infinitésimavó.
Ela viu meus olhos murchos e tentou me ajudar:
- Pense que ele é negro.
Quase peguei uma cruz de prata que minha mãe pendurava na parede, para dar na cabeça da boçal, mas me contive. Eu não queria revelar com palavras, nem com gestos, que o 'extintor de incêndio do negão' me deixara absolutamente envergonhado da minha míni 'mont blanc', aquela que a palma da mão até esconde.
Aleguei dor de cabeça, enjôo de estômago, alguns males d'alma, e minha sensível namoradinha:
- Jeanzinho?
- Como assim Jeanzinho? Você sempre me chamou de Jean! A pata do negão impressionou você?
E ela, caridosa:
- Que nada! Ia me machucar!
Encerrei o assunto, para ela não dizer que eu lhe faria còsssquiiinhaaaa. Vaca.
Fui devolver o filme na locadora, SOZINHO, É CLARO, e o cara, sabido:
- E aí, Valjean, gostou?
- É, foi bom.
- Você viu o tamanho do caralho do crioulo?
- Ah, nem notei nada de especial. Não é normal?
- Que nada, Valjean, dá quatro do meu!
Naquele instante, respirei aliviado.
- Quatro?
E ele:
- Três ou quatro. O cara é um artista pornô muito bem pago, porque ninguém tem uma rola daquelas.
Juro: quase beijei o cara na boca.
Fui embora, meio saltitante, pensando: bom, o meu meio-pepino japonês dá pro gasto.
De qualquer forma, naquele fim-de-semana eu e minha namoradinha não trepamos, e o namoro acabou pouco tempo depois.
Um tempo mais tarde, engatei um outro namorico. E ela sugeriu:
- Vamos ver filme pornô?
Eu, para evitar desaires e desastres, achei melhor não:
- Que tal uma comédia romântica norte-americana, ou um bom Buñuel?
Como diz minha (não tão) santa mãezinha, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.